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Iranianos reagem com ceticismo a declarações americanas de Trump

No domingo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que Teerã é "um pesadelo para o povo iraniano" e que os EUA estão do lado dos iranianos

A tensão aumentou quando Trump aconselhou o presidente iraniano a "não brincar com fogo", porque Rohani disse que um conflito com o Irã seria a "mãe de todas as guerras" (Tatyana Zenkovich/Reuters)

A tensão aumentou quando Trump aconselhou o presidente iraniano a "não brincar com fogo", porque Rohani disse que um conflito com o Irã seria a "mãe de todas as guerras" (Tatyana Zenkovich/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de julho de 2018 às 12h13.

Em Teerã, os moradores reagiram nesta segunda-feira (22) com ceticismo às declarações de Washington dizendo que apoia o povo do Irã, em um momento de tensão entre os dois países, ilustrado pelas ameaças virulentas de Donald Trump.

"É verdade que neste momento nossa sociedade está em crise e sob pressão (...), mas não queremos que o Ocidente nos imponha uma revolução que possa causar desordem", disse à AFP Haleh, psicóloga em um subúrbio ao norte de Teerã.

No domingo (22), durante um discurso na Califórnia à diáspora iraniana, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, chamou o governo de Teerã de "um pesadelo para o povo iraniano".

"Os Estados Unidos ouvem vocês, os Estados Unidos apoiam vocês, os Estados Unidos estão ao seu lado", acrescentou ele, dirigindo-se aos "iranianos comuns no Irã e em todo o mundo".

A tensão aumentou no domingo, quando Trump respondeu ao presidente iraniano, Hassan Rohani, que o aconselhou a "não brincar com fogo", porque um conflito com o Irã seria a "mãe de todas as guerras".

"NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS OU SOFRERÃO CONSEQUÊNCIAS QUE MUITOS POUCOS SOFRERAM AO LONGO DA HISTÓRIA", tuitou Trump em mensagem direta ao presidente iraniano.

Muitos iranianos, mesmo aqueles que se opõem ao sistema atual, temem uma mudança de regime imposta, especialmente após a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo para limitar o programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções internacionais contra esse país.

- A segurança, uma prioridade -

"As pessoas aspiram pela mudança, mas não necessariamente pela mudança de regime", sustenta Firouzeh, que trabalha em Teerã.

Quase "40 anos se passaram desde a Revolução (islâmica em 1979) e ainda estamos pagando as consequências. (O povo) está realmente pronto para se engajar em outra revolução?", questiona.

Independentemente dos pontos de vista sobre seu governo, os iranianos apreciam a relativa estabilidade desfrutada por seu país em uma região explosiva.

"Para nós, o mais importante é a segurança e, por enquanto, temos isso. Queremos reformas, mas as pessoas esperam que isso aconteça sem violência", diz a psicóloga Haleh.

Alguns ainda acreditam que um acordo é possível com o presidente americano.

"Trump é um homem de negócios", diz Amir, que faz pequenos bicos. Segundo ele, o presidente americano "fará uma oferta, e chegaremos a um acordo, com a ajuda de Deus".

Ele afirma que todos os iranianos estão preocupados com a situação econômica, com o desemprego crescente, aumento dos preços e uma deterioração da moeda local em relação ao dólar.

"O governo deve estar atento aos problemas do povo. (Resolvê-los) não é algo que não possa ser feito", ressalta o homem, de 40 anos.

Para ele, os iranianos "não aceitarão serem forçados (por potências estrangeiras). Vão agir para defender sua honra nacional e sua dignidade".

O líder do Bassidj, milícia islâmica do regime iraniano, declarou nesta segunda-feira que as ameaças do presidente Trump fazem parte de uma "guerra psicológica" e que ele "não está em posição de agir contra o Irã".

"O povo e as forças armadas se levantarão contra os inimigos e alcançarão seus objetivos", assegurou o general Gholam Hossein Gheypour, segundo a agência de notícias Isna.

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