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Iranianos passam da ansiedade à impaciência por acordo

Ao observar as negociações com potências sobre seu programa nuclear, os iranianos passaram da ansiedade à uma sensação que mistura impaciência e tédio


	Usina nuclear de Bushehr, no Irã: o povo está convencido de que o pacto é inevitável
 (Behrouz Mehri/AFP)

Usina nuclear de Bushehr, no Irã: o povo está convencido de que o pacto é inevitável (Behrouz Mehri/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2015 às 19h20.

Teerã - Ao observar as negociações de seu país com as potências do Grupo 5+1 (os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido - mais a Alemanha) sobre seu programa nuclear, os iranianos passaram da ansiedade à uma sensação que mistura impaciência e tédio pelo prolongamento de conversas cujo resultado positivo dão por certo.

Faltando poucas horas para terminar o prazo determinado pelas partes para chegar a um acordo definitivo sobre o tema, os mais de 13 anos de debates, dúvidas, declarações, pressões e diálogos em torno do assunto nuclear esgotaram a paciência de um povo que está convencido de que o pacto é inevitável.

A possibilidade de as negociações se estenderem outra vez depois da data limite de 30 de junho, o que as delegações reunidas em Viena consideram provável, mesmo que apenas por alguns dias, também não ajudou a melhorar o humor de uma população que está farta de esperar e acredita estar vendo um "espetáculo projetado para convencer e acostumar as pessoas de um e de outro lado" das condições do acordo.

Há apenas alguns meses, no entanto, antes de ser anunciado em 2 de abril, na cidade suíça de Lausanne, o pacto de princípios entre Irã e o Grupo 5+1 para avançar nas negociações, o ambiente era completamente diferente e as pessoas não paravam de perguntar para qualquer pessoa que encontrassem na rua "se já havia pacto", nem de mostrar sua frustração e incerteza nas redes sociais.

Ramin Rabii, diretor-gerente da empresa Turquoise Partners, dedicada a tramitar capital estrangeiro na Bolsa de Teerã, reconheceu à Agência Efe que o país tem "um sentimento positivo" sobre um acordo, uma situação que mudou de um lado para outro desde que o Irã e o Grupo 5+1 retomaram as negociações, há dois anos.

"Antes da data limite de novembro (2014), as pessoas tinham certeza de que haveria acordo. Depois esse prazo foi prorrogado, até março, e o pessimismo voltou. E em abril, com Lausanne, voltaram a ter sentimentos positivos. Como empresário, acho que há motivos para ter um 'otimismo cauteloso'. Muitos dos temas nas negociações parecem ter sido discutidos e têm solução", afirmou o empresário.

Em todo caso, Rabii destacou que o pior neste período está sendo a "incerteza", que em termos econômicos é inclusive pior para os negócios "do que não ter um acordo".

"As pessoas acreditam em uma coisa, mas não se atrevem a dar passos nesse caminho até que seja definitivo", apontou.

Hossein, proprietário de uma loja de produtos médicos no centro de Teerã, foi mais categórico ao expressar esta sensação, e explicou à Efe que as negociações nucleares "já estão feitas e acabadas", e que tudo o que se está vendo "é um jogo para dizer que há algo a concordar".

"A negociação já acabou. Não está nas mãos nem do governo nem de ninguém, e só se trata de passar um tempo para que as pessoas assumam. São as grandes potências que decidem o que fazer ou não. Isto é para que as pessoas vão assimilando e para que os poderes vejam como (o acordo) é recebido", afirmou com impaciência.

Maior indiferença tem Neguin, funcionária de uma companhia privada que confessou à Efe não acompanhar mais "a novela nuclear", que para ela é somente "um jogo político que não mudará em nada sua vida, já que os preços não baixarão".

O acordo negociado em Viena pretende garantir que o programa nuclear iraniano não se desviará dos fins estritamente pacíficos, em troca do fim das sanções internacionais que asfixiam a economia.

Estas sanções impedem o Irã usar o sistema internacional de transferências bancárias, o que na prática restringe quase todo seu comércio exterior, e de vender seu petróleo no mercado global, exceto para um pequeno número de países.

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