Redação Exame
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 08h39.
Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 08h43.
A Organização de Aviação Civil do Irã anunciou nesta quinta-feira, 3, a reabertura dos aeroportos do país e a retomada dos voos, suspensos desde a noite de terça-feira, após o ataque com mísseis contra Israel.
"Os voos nos aeroportos do país voltaram ao normal", declarou o porta-voz da Organização de Aviação Civil, Jafar Yazerlu, segundo a agência de notícias "Tasnim".
O país havia suspendido todos os voos na noite de terça-feira até as 10h de quarta-feira, uma medida que foi estendida até as 5h desta quinta-feira (22h30 de quarta-feira em Brasília).
A fonte indicou que "as condições seguras de voo foram garantidas", motivo pelo qual os voos foram retomados nesta madrugada.
O Irã aguarda uma possível retaliação israelense pelo ataque de 200 mísseis balísticos contra Israel em resposta aos assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Após o ataque, Israel disse que responderá, ao que o Irã disse que voltará com mais força.
"Não buscamos guerra ou derramamento de sangue", disse o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, na quarta-feira em Doha, onde participa do Fórum de Diálogo de Cooperação Asiática.
Apoiado pelo Irã, o grupo libanês Hezbollah é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo.
Inimigo jurado de Israel, o grupo armado enfrentou uma guerra contra o país em 2006. Ela durou pouco mais de um mês e deixou cerca de 1.200 mortos no Líbano e 160 em solo israelense.
Agora, após o ataque na Fazenda Shebaa e o comunicado em apoio aos bombardeiros de sábado, o Hezbollah reafirma sua aliança ao Hamas.
O exército de Israel faz uma grande operação desde a semana passada contra o Hezbollah. A ação começou com uma explosão coordenada de pagers e rádios de comunicação usados pelo grupo e avançou para bombardeios quase diários. No sábado, 28, um destes ataques matou Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Quase toda a cadeia de comando do grupo foi dizimada nos últimos dias, o que tem dificultado a resposta do grupo.
O Hezbollah e Israel vivem uma situação de conflito desde os anos 1980. Em outubro do ano passado, o grupo extremista passou a fazer ataques com mísseis a Israel, como represália pela invasão de Israel da Faixa de Gaza, após o grupo palestino Hamas fazer um ataque contra Israel. Com isso, mais de 60 mil israelenses no norte do país tiveram de deixar suas casas.
A operação atual de Israel contra o Hezbollah diz ter como objetivos permitir que essas pessoas desalojadas retornem para suas casas.
O grupo armado foi criado para lutar contra a ocupação israelense do Líbano, que durou até 2000. A última grande guerra terrestre no Líbano ocorreu em julho de 2006, quando o Hezbollah cruzou a fronteira para Israel em um ataque surpresa perto da vila libanesa de Ayta ash-Shaab. O grupo capturou e matou todos os soldados israelenses, o que resultou em uma guerra de cinco semanas. As forças de defesa de Israel atravessaram a fronteira no Sul perseguindo membros do grupo extremistas com tanques e veículos blindados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou na segunda-feira a operação de repatriação de brasileiros no Líbano. Segundo o Palácio do Planalto, "a operação, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, terá a data anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo".
Em nota, o governo também diz que "o planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute, que se encontra aberto".
"A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais", diz o Palácio do Planalto.