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Irã quer demonstrar influência com Não-Alinhados em Teerã

Sob a liderança iraniana, a cúpula pode condenar as sanções unilaterais que os países ocidentais aplicam contra vários de seus membros


	O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, decidiu ir a Teerã, apesar das críticas de Estados Unidos e Israel
 (Jung Yeon-Je/AFP)

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, decidiu ir a Teerã, apesar das críticas de Estados Unidos e Israel (Jung Yeon-Je/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2012 às 14h03.

Teerã - Os líderes de uma centena de países não alinhados, entre eles cerca de 30 chefes de Estado ou de governo, participam na quinta e sexta-feira da 16ª cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados em Teerã, com a qual o Irã espera colocar fim ao isolamento internacional provocado por seu programa nuclear.

Esta 16ª cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados concederá ao Irã durante três anos a presidência rotativa desta organização, por muito tempo inativa, mas que Teerã deseja fortalecer, em oposição às grandes potências, especialmente as ocidentais.

Sob a liderança iraniana, a cúpula pode condenar as sanções unilaterais que os países ocidentais aplicam contra vários de seus membros, especialmente contra o Irã, por sua política nuclear ou por suas violações dos direitos humanos.

Sem mencionar nenhum caso em particular, um projeto de documento final apresentado na terça e nesta quarta-feira aos ministros das Relações Exteriores do movimento denuncia as "sanções econômicas", "pressões políticas" ou "ações militares" unilaterais contra seus membros, incluindo os "ataques preventivos" com os quais Israel e Estados Unidos ameaçaram o Irã.

O documento também insiste em outros temas habituais para o Movimento dos Não-Alinhados e muito próximos à postura iraniana: "democratização" do Conselho de Segurança da ONU para reduzir a influência das grandes potências, lideradas por Estados Unidos, apoio à criação de um Estado palestino, convocação a um desarmamento nuclear.

Também insiste no direito de todos os países à energia nuclear com fins pacíficos, o leitmotiv que o Irã utiliza para justificar seu ambicioso programa nuclear contra os ocidentais, que o acusam de tentar se dotar de uma bomba atômica.


Teerã considerou que a realização desta cúpula, apresentada como o evento diplomático mais importante ocorrido no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, constituía uma vitória em sua luta para sair do isolamento, embora a maioria dos países representados no mais alto nível sejam seus aliados, sócios tradicionais ou pequenos países pouco envolvidos no cenário diplomático internacional.

Por outro lado, alguns dirigentes parecem decididos a fazer o mínimo possível, como o novo presidente egípcio, Mohamed Mursi, que ficará apenas algumas horas na quinta-feira em Teerã para transferir a presidência do Movimento ao Irã, e que rejeitou as ofertas iranianas para realizar reuniões bilaterais.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, decidiu ir a Teerã, apesar das críticas de Estados Unidos e Israel, que consideram que isso reafirma um regime condenado e sancionado pela ONU.

Mas Ban deixou claro que aproveitará suas reuniões bilaterais com os principais dirigentes iranianos para lembrá-los da necessidade "urgente" de responder às "preocupações e expectativas da comunidade internacional" sobre o programa nuclear iraniano, o terrorismo, os direitos humanos ou a crise na Síria.

Para garantir que nenhum incidente ou problema ofusque esta grande cúpula destinada a mostrar a imagem de um Irã poderoso, tranquilo e estável, as autoridades mobilizaram cerca de 110 mil policiais e militares por todo o país.

Além disso, desde terça-feira e durante cinco dias as autoridades suspenderam as atividades das administrações, bancos ou empresas estatais de Teerã para facilitar os deslocamentos das delegações, ao reduzir os engarrafamentos e a poluição de Teerã.

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