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Irã nega responsabilidade por falta de acordo nuclear

A imprensa e fontes do governo iraniano acusaram a França de ter prejudicado um possível acordo com sua posição intransigente


	Mohamad Javad Zarif: ministro iraniano das Relações Exteriores rebateu acusação dos EUA de que Teerã evitou acordo nuclear em Genebra e apontou França como culpada
 (Fabrice Coffrini/AFP)

Mohamad Javad Zarif: ministro iraniano das Relações Exteriores rebateu acusação dos EUA de que Teerã evitou acordo nuclear em Genebra e apontou França como culpada (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2013 às 17h11.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, rebateu nesta terça-feira a acusação dos Estados Unidos de que Teerã evitou um acordo nuclear no fim de semana passado em Genebra e apontou a França como a culpada.

O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou na segunda-feira que o Irã não aceitou a proposta apresentada pelas potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha) em troca de uma flexibilização das sanções internacionais impostas por seu programa nuclear.

"As grandes potências estavam unidas no sábado ao apresentar a proposta aos iranianos, mas o Irã não aceitou, neste momento particular não estavam em condições de aceitar", disse Kerry.

Em sua conta no Twitter, Zarif rebateu a acusação e fez uma referência ao chanceler francês, Laurent Fabius, criticado pela imprensa iraniana por sua oposição a um possível acordo.

"Senhor secretário, por acaso foi o Irã que alterou metade do texto dos americanos na quinta-feira e fez a afirmação contrária na manhã de sexta-feira?", escreveu Zarif.

Na sexta-feira, Fabius, que também viajou a Genebra, declarou que existiam avanços, mas nada estava concluído.

No dia seguinte se mostrou menos otimista: "Há um texto inicial que não aceitamos, não tenho nenhuma certeza de que possamos fechar um acordo neste momento".

A imprensa e fontes do governo iraniano acusaram a França de ter prejudicado um possível acordo com sua posição intransigente.

Rússia, aliada do Irã, também rejeitou as acusações de Kerry.

"Esta interpretação simplifica ao máximo e deforma o essencial do que se passou em Genebra", afirmou uma fonte do ministério russo das Relações Exteriores.


"O projeto de texto comum preparado pelos americanos convém à parte iraniana, mas à medida que as decisões durante as negociações são tomadas por consenso, não foi possível encontrar um acordo final [...] embora não tenha sido culpa dos iranianos", segundo as mesma fonte.

As negociações entre Irã e o grupo 5+1, que começaram na quinta-feira e terminaram no sábado, não permitiram nenhum acordo.

Mas os representantes dos países envolvidos concordaram com um novo encontro na cidade suíça em 20 de novembro para prosseguir com os contatos.

Irã quer tranquilizar vizinhos árabes

Segundo várias fontes dos países negociadores, o acordo ainda é possível.

O ministro britânico das Relações Exteriores William Hague disse na segunda-feia que a maioria dos desacordos "são leves e outros foram resolvidos durante as negociações".

Inclusive o ministro francês Fabius disse que o Irã e as grandes potências não estavam longe de um acordo.

O ministro iraniano recordou de novo nos últimos dias as "linhas vermelhas" sobre as quais seu país não está disposto a ceder: o direito de enriquecer urânio em seu território e a manutenção de seu programa nuclear, incluindo o reator de Arak, que substituirá um em Teerã, com o objetivo de produzir radioisótopos para pacientes com câncer.

A França pediu o cessar da construção do reator de Arak, que poderia, a médio prazo, produzir plutônio, um dos elementos da bomba atômica.

Zarif também quis tranquilizar os países países árabes da região, preocupados com a melhoria das relações diplomáticas entre Washington e Teerã depois da eleição em junho passado do presidente moderado Hassan Rohani.

"Estas negociações são sobre a questão nuclear iraniana e não sobre alguns países vizinhos do Golfo se preocupam de imediato", afirmou em referência à Arábia Saudita.

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