Irã não cede e aumenta produção de urânio
Ao sul de Teerã, foram registrados traços de urânio enriquecido até 27%, superior aos 19,75% indicados por Teerã como nível máximo até agora
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2012 às 21h13.
Viena - O Irã não parece disposto a ceder na disputa nuclear que mantém com a comunidade internacional e continua a aumentar sua produção de urânio enriquecido, inclusive a níveis de pureza superiores aos declarados até agora.
Segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira em Viena pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na usina atômica subterrânea de Fordo, ao sul de Teerã, foram registrados traços de urânio enriquecido até 27%, superior aos 19,75% indicados por Teerã como nível máximo até agora.
Em seu relatório, os inspetores da ONU dizem que o Irã garante que este excesso se deve a ''razões técnicas fora do alcance do controle operacional''.
Um diplomata que pediu anonimato qualificou o aumento como ''significativo'', embora tenha acrescentado que o motivo alegado pelo Irã ''pode acontecer'', parecendo, assim, tirar importância do assunto. A mesma fonte - que está a par da investigação do programa nuclear iraniano - afirmou que é importante que a AIEA investigue esse aumento.
Com uma pureza de 20%, a ciência fala de ''urânio pouco enriquecido'', enquanto a partir desse valor se fala de ''urânio altamente enriquecido''.
O que preocupa o Ocidente é que fica mais difícil chegar a 20% de enriquecimento a partir de zero do que avançar de 20% até 90%, o nível necessário para fabricar bombas. Este enriquecimento ocorreu em Fordo, uma usina que está dentro de uma montanha, e por isso fora do alcance de qualquer intervenção militar aérea.
Segundo o relatório, na grande usina de Natanz (centro do Irã) e em Fordo foram produzidos no total 145,6 quilos de urânio enriquecido até 20%, frente aos 110 quilos registrados em fevereiro.
O Irã mantém assim o ritmo de produção de urânio a 20%, que diz precisar para um reator voltado a pesquisas contra o câncer, já que desde fevereiro produziu 12 quilos por mês, frente aos 13,5 quilos mensais do trimestre anterior.
Além disso, os técnicos iranianos produziram 6,197 toneladas de urânio enriquecido até 5% (para produção de combustível nuclear convencional), frente às 5,451 toneladas de há três meses, quando a AIEA emitiu seu último relatório.
Segundo analistas internacionais, estas quantidades de material físsil produzidas no Irã excedem os mínimos exigidos para a teórica fabricação de uma bomba atômica. Nesse contexto, os inspetores expressam sua preocupação com as possíveis dimensões militares do programa nuclear iraniano.
Eles criticam que imagens via satélite mostrem que na controvertida instalação militar de Parchin estão sendo realizadas ''extensas atividades que poderiam minguar a capacidade da agência para seu trabalho de verificação''.
Os serviços de inteligência de vários países ocidentais suspeitam que neste local são feitas atividades e experiências como parte de um programa nuclear militar persa, algo que os iranianos rejeitam.
Em todo caso, Teerã também não deu sinal verde para que os inspetores da AIEA visitem as instalações de Parchin.
Segundo o relatório, a agência da ONU recebeu, desde novembro de 2011, mais informações sobre supostas atividades ilícitas em Parchin, ''o que corrobora'' as análises feitas anteriormente sobre possíveis dimensões militares. O Irã rejeita estas alegações dizendo que se trata de invenções e manipulações dos serviços de inteligência ocidentais.
O relatório termina dizendo que os iranianos não estão oferecendo a necessária cooperação, por isso a agência ''não pode dar garantias críveis sobre a ausência de materiais e atividades não declaradas'' nesse país. Por isso, os inspetores dizem que não conseguem constatar ''que todos os materiais nucleares do Irã sejam para atividades pacíficas''.
A AIEA reconhece que nas recentes semanas houve avanços nas negociações sobre um ''processo estruturado'' para esclarecer os assuntos pendentes de investigação.
O relatório de hoje foi feito um dia depois da conclusão da mais recente rodada de negociações entre o Irã e o Grupo 5+1 (as cinco potências com direito a veto no Conselho de Segurança, além da Alemanha), que terminou sem avanços, mas com o compromisso de um novo encontro em meados de junho em Moscou.
Nessas conversas, o 5+1 tentou convencer o Irã a deter suas atividades nucleares mais delicadas em troca de concessões, como a suspensão de algumas sanções ditadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
O Ocidente teme que sob o disfarce de um suposto programa nuclear civil, o Irã queira fabricar uma bomba atômica, o que Teerã rejeita, embora tudo indique que também não colabore de forma satisfatória com a ONU.
Os Estados Unidos e Israel não descartam um ataque aéreo contra as instalações nucleares do Irã para impedir que esse país adquira os conhecimentos para fabricar uma arma nuclear.''
Viena - O Irã não parece disposto a ceder na disputa nuclear que mantém com a comunidade internacional e continua a aumentar sua produção de urânio enriquecido, inclusive a níveis de pureza superiores aos declarados até agora.
Segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira em Viena pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na usina atômica subterrânea de Fordo, ao sul de Teerã, foram registrados traços de urânio enriquecido até 27%, superior aos 19,75% indicados por Teerã como nível máximo até agora.
Em seu relatório, os inspetores da ONU dizem que o Irã garante que este excesso se deve a ''razões técnicas fora do alcance do controle operacional''.
Um diplomata que pediu anonimato qualificou o aumento como ''significativo'', embora tenha acrescentado que o motivo alegado pelo Irã ''pode acontecer'', parecendo, assim, tirar importância do assunto. A mesma fonte - que está a par da investigação do programa nuclear iraniano - afirmou que é importante que a AIEA investigue esse aumento.
Com uma pureza de 20%, a ciência fala de ''urânio pouco enriquecido'', enquanto a partir desse valor se fala de ''urânio altamente enriquecido''.
O que preocupa o Ocidente é que fica mais difícil chegar a 20% de enriquecimento a partir de zero do que avançar de 20% até 90%, o nível necessário para fabricar bombas. Este enriquecimento ocorreu em Fordo, uma usina que está dentro de uma montanha, e por isso fora do alcance de qualquer intervenção militar aérea.
Segundo o relatório, na grande usina de Natanz (centro do Irã) e em Fordo foram produzidos no total 145,6 quilos de urânio enriquecido até 20%, frente aos 110 quilos registrados em fevereiro.
O Irã mantém assim o ritmo de produção de urânio a 20%, que diz precisar para um reator voltado a pesquisas contra o câncer, já que desde fevereiro produziu 12 quilos por mês, frente aos 13,5 quilos mensais do trimestre anterior.
Além disso, os técnicos iranianos produziram 6,197 toneladas de urânio enriquecido até 5% (para produção de combustível nuclear convencional), frente às 5,451 toneladas de há três meses, quando a AIEA emitiu seu último relatório.
Segundo analistas internacionais, estas quantidades de material físsil produzidas no Irã excedem os mínimos exigidos para a teórica fabricação de uma bomba atômica. Nesse contexto, os inspetores expressam sua preocupação com as possíveis dimensões militares do programa nuclear iraniano.
Eles criticam que imagens via satélite mostrem que na controvertida instalação militar de Parchin estão sendo realizadas ''extensas atividades que poderiam minguar a capacidade da agência para seu trabalho de verificação''.
Os serviços de inteligência de vários países ocidentais suspeitam que neste local são feitas atividades e experiências como parte de um programa nuclear militar persa, algo que os iranianos rejeitam.
Em todo caso, Teerã também não deu sinal verde para que os inspetores da AIEA visitem as instalações de Parchin.
Segundo o relatório, a agência da ONU recebeu, desde novembro de 2011, mais informações sobre supostas atividades ilícitas em Parchin, ''o que corrobora'' as análises feitas anteriormente sobre possíveis dimensões militares. O Irã rejeita estas alegações dizendo que se trata de invenções e manipulações dos serviços de inteligência ocidentais.
O relatório termina dizendo que os iranianos não estão oferecendo a necessária cooperação, por isso a agência ''não pode dar garantias críveis sobre a ausência de materiais e atividades não declaradas'' nesse país. Por isso, os inspetores dizem que não conseguem constatar ''que todos os materiais nucleares do Irã sejam para atividades pacíficas''.
A AIEA reconhece que nas recentes semanas houve avanços nas negociações sobre um ''processo estruturado'' para esclarecer os assuntos pendentes de investigação.
O relatório de hoje foi feito um dia depois da conclusão da mais recente rodada de negociações entre o Irã e o Grupo 5+1 (as cinco potências com direito a veto no Conselho de Segurança, além da Alemanha), que terminou sem avanços, mas com o compromisso de um novo encontro em meados de junho em Moscou.
Nessas conversas, o 5+1 tentou convencer o Irã a deter suas atividades nucleares mais delicadas em troca de concessões, como a suspensão de algumas sanções ditadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
O Ocidente teme que sob o disfarce de um suposto programa nuclear civil, o Irã queira fabricar uma bomba atômica, o que Teerã rejeita, embora tudo indique que também não colabore de forma satisfatória com a ONU.
Os Estados Unidos e Israel não descartam um ataque aéreo contra as instalações nucleares do Irã para impedir que esse país adquira os conhecimentos para fabricar uma arma nuclear.''