Irã: Macron e Merkel visitam Trump recentemente para falar sobre o acordo nuclear do Irã (Reuters)
EFE
Publicado em 7 de maio de 2018 às 15h59.
Teerã - O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou nesta segunda-feira que o Irã pode se manter no acordo nuclear de 2015, mesmo que os Estados Unidos se retirem do mesmo, sempre que seus interesses se vejam garantidos pelos demais signatários do pacto.
"Ou o que queremos do JCPOA (sigla em inglês do pacto nuclear) nos será proporcionado sem os Estados Unidos ou, se virmos que isto não vai acontecer, teremos nossos planos", disse Rohani em discurso, reproduzido no site da presidência.
O presidente tentou acalmar a inquietação da população iraniana perante uma eventual saída de Washington, ao assegurar que seu governo está considerando "as decisões necessárias para os diferentes cenários".
Segundo sua opinião, "os Estados Unidos sofrerão graves danos" se cometerem o "erro" de abandonar o JCPOA, como ameaçou seu presidente, Donald Trump, que deve anunciar sua decisão a respeito no próximo dia 12 de maio.
"Mais tarde lamentará e se dará conta que cometeu um erro estratégico", ressaltou Rohani, que acrescentou que "a opinião pública e os governos de todo o mundo condenarão os EUA e não culparão o Irã".
Para manter-se no acordo, assinado entre Teerã e o Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido, mais a Alemanha), Trump exige limitar o sistema de mísseis balísticos do Irã e sua influência na região.
A esse respeito, Rohani advertiu que, se o objetivo dos Estados Unidos é não permitir que o Irã seja independente e tenha influência na região, o povo iraniano "se oporá a isso com força como no passado".
"Demonstramos ao mundo que a iranofobia é uma mentira e que a conspiração e o uso da bomba atômica por parte do Irã são propaganda contra a nação iraniana", completou.
Nesse sentido, acrescentou que o acordo nuclear eliminou a preocupação internacional de que Teerã buscava desenvolver armas atômicas.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ratificou em uma dezena de ocasiões que Teerã está cumprindo seus compromissos com o acordo nuclear.
O pacto é defendido também por Rússia e China e pelos países europeus, embora entre estes últimos o Reino Unido e a França tenham se mostrado abertos a pressionar mais o Irã.
Nos últimos dias foram a Washington para, entre outros assuntos, defender este acordo o presidente francês, Emmanuel Macron; a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson.