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Irã diz que resposta ao assassinato do líder do Hamas por Israel será 'definitiva e calculada'

Teerã culpa Israel pela morte de Ismail Haniyeh, ocorrida em território iraniano no mês passado; dirigentes do grupo terrorista palestino também prometeram vingança

Líder do Hamas morto no Irã, Ismail Haniyeh, aparece ao lado do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, em placa de publicidade em Teerã (AFP)

Líder do Hamas morto no Irã, Ismail Haniyeh, aparece ao lado do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, em placa de publicidade em Teerã (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 26 de agosto de 2024 às 10h47.

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O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse que a reposta do Irã ao assassinato do líder político do grupo terrorista Hamas seria "definitiva e calculada", publicou a imprensa estatal iraniana nesta segunda-feira. A fala teria sido feita em conversa de Araqchi com seu homólogo italiano, Antonio Tajani. Teerã culpa Israel pelo assassinato de Ismail Haniyeh, morto em território iraniano no mês passado. O governo israelense não comentou o caso.

— O Irã não busca aumentar as tensões. No entanto, não tem medo de que isso ocorra — disse Araqchi ao seu homólogo italiano por telefone. O ministro iraniano foi citado pela mídia estatal dizendo que a morte de Haniyeh foi "uma violação imperdoável da segurança e soberania do Irã".

Haniyeh foi assassinado no dia 31 de julho, após participar da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Tanto o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, quanto dirigentes do Hamas prometeram vingança. Na época, Khamenei escreveu que "o regime sionista criminoso e terrorista martirizou nosso querido hóspede em nosso território e causou nossa dor, mas também preparou o terreno para uma punição severa".

Em um comunicado em separado, Musa Abu Marzuk, um alto dirigente do Hamas, também condenou a ação que resultou na morte de Haniyeh, prometendo uma reação. "O assassinato do líder Ismail Haniyeh é um ato de covardia e não ficará impune", disse.

Relatos da imprensa iraniana apontam que o líder palestino foi morto em um ataque aéreo. Segundo a agência de notícias Fars, Haniyeh estava em uma residência para veteranos de guerra, na zona norte da capital do Irã, que foi atingida por um projétil aéreo. Além do palestino, também foi confirmada a morte de um segurança iraniano.

"A residência de Ismail Haniyeh, chefe do escritório político da Resistência Islâmica do Hamas, foi atingida em Teerã, e como resultado deste incidente, ele e um de seus guarda-costas foram martirizados," disse um comunicado no site de notícias Sepah.

Haniyeh, de 62 anos, comandava a operação política do Hamas a partir do exílio, no Catar. Há meses, ele era o principal interlocutor do grupo palestino nas negociações sobre um cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza. Países que atuam como mediadores lamentaram a morte do líder palestino e disseram que provavelmente comprometeria as conversas.

Entenda os ataques

Na madrugada deste domingo, Israel lançou uma onda de ataques aéreos no sul do Líbano. Como justificativa, o Estado judeu afirmou que a ofensiva foi feita de maneira preventiva, após autoridades do país identificarem planos do Hezbollah para atacar o centro e o sul do território israelense. O grupo xiita libanês, que é apoiado pelo Irã, disse ter lançado centenas de foguetes e drones após o ataque de Israel, mas com outro motivo: a retaliação pelo assassinato de um de seus principais comandantes em Beirute no mês passado.

Na ocasião, Fuad Shukr, comandante que orquestrou um ataque às Colinas do Golã que matou 12 pessoas em julho, morreu horas antes de outro bombardeio matar o líder político do Hamas. O movimento mais uma vez provocou temores de que a guerra na Faixa de Gaza pudesse se transformar em um conflito regional mais amplo, e desde então respostas de ambos os lados eram esperadas. Pelo menos três pessoas foram mortas nos ataques israelenses no Líbano neste domingo, e um soldado da Marinha de Israel também morreu.

O tenente-coronel israelense Nadav Shoshani disse que a Força Aérea lançou “uma operação complexa pouco antes das 5h (23h em Brasília), na qual 100 aviões atingiram milhares de foguetes direcionados ao norte de Israel em 40 zonas de tiro no sul do Líbano”. Ele afirmou que os disparos do Hezbollah faziam parte de um “ataque planejado de maior envergadura”, e que as forças do Estado judeu conseguiram “frustrar grande parte dele”. O Exército israelense anunciou que o Hezbollah disparou cerca de 210 foguetes e 20 drones em direção ao norte de Israel.

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que as declarações de Israel sobre ter realizado “ações preventivas” são “vazias”. Em comunicado, o grupo disse ter lançado “um ataque aéreo com um grande número de drones”, além de “mais de 320” foguetes Katiusha contra 11 bases militares em Israel e nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel. Uma autoridade do grupo libanês disse que o ataque foi feito de modo contido para não desencadear uma guerra em larga escala, adiada por “considerações políticas”, levando em conta as negociações em andamento no Egito por um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

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