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Insurgentes islamitas anunciam criação de emirado na Síria

Frente Al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, estende sua zona de influência e vem conquistando localidades estratégicas

Rebeldes se preparam para matar dois homens supostamente indiciados por uma corte islâmica, na província síria de Idlib (Amr Radwan Al-Homsi/AFP)

Rebeldes se preparam para matar dois homens supostamente indiciados por uma corte islâmica, na província síria de Idlib (Amr Radwan Al-Homsi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 20h31.

Beirute - O grupo insurgente islamita Frente al-Nusra anunciou a criação de um emirado na Síria, depois que os jihadistas do Estado Islâmico (EI) proclamaram um califado, dividindo ainda mais a rebelião que luta contra o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Da mesma forma que o EI - conhecido anteriormente como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) - em seus primórdios, a Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, está estendendo sua zona de influência, conquistando localidades estratégicas e competindo com outros grupos rebeldes.

O Estado Islâmico controla as províncias de Deir Ezzor e Raqa, no norte do país, e lançou em 9 de junho uma ofensiva que permitiu ao movimento tomar vastos territórios do norte e do centro do Iraque.

No fim de junho, o grupo proclamou um califado nos territórios que controla, da cidade síria de Aleppo, no norte, à província iraquiana de Diyala, no leste.

Em 11 de julho, circulou na internet uma gravação de áudio, atribuída ao líder da Al-Nosra, Abu Mohammad al-Julani, anunciando a criação de um "emirado".

"Chegou a hora, amados, de criar um emirado no Levante", declarou Julani, acrescentando que as fronteiras seriam "o regime, os que exageram (o EI), os corruptos (os rebeldes)" e os curdos.

O Levante é uma zona geográfica histórica que abrange, entre outros países do Oriente Médio, a Síria.

Dias depois do anúncio da criação do emirado, foram travados os primeiros confrontos entre os membros da Al-Nosra e outros grupos rebeldes, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Até agora, os dois eram aliados na luta contra o regime de Assad.

Os enfrentamentos inéditos tornam mais complexo o conflito, que opõe não só os rebeldes ao governo, mas também os rebeldes aos jihadistas do EI.

A Frente al-Nusra era a principal aliada da Frente de Revolucionários da Síria (FRS), coalizão de insurgentes que tenta derrubar Assad há três anos.

"Os confrontos entre a Al-Nosra e os rebeldes começaram no início de julho, mas o conflito mais sangrento aconteceu há uma semana, na região de Jisr al-Shughur, na província de Idleb", indicou à AFP na quinta-feira Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH, que tem sede na Inglaterra.

Esse confronto deixou "dezenas de mortos" entre os integrantes da Al-Nosra e da FRS, de acordo com a organização. Os dois lados reconheceram em suas páginas no Facebook que combates entre ambos estão sendo travados, e trocaram acusações.

Membros da oposição síria afirmam que essa mudança de postura se deve ao enfraquecimento da Al-Nosra nos últimos meses em sua disputa por influência com o EI, o que levou a uma reformulação de sua estratégia.

"A Al-Nosra está em crise. Seu anúncio de (...) um emirado é um modo de atrair novos jihadistas as suas fileiras", considera de Abu Yasmin, rebelde da província de Idleb, no noroeste da Síria.

A Frente al-Nusra surgiu na Síria no fim de 2011, um ano e meio antes da criação do EILL. Ao contrário desse grupo, a Al-Nosra integrou a rebelião e reivindicou vários ataques importantes contra o governo.

A guerra civil síria já causou mais de 170.000 mortes e deixou nove milhões de refugiados.

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