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Insatisfação de americanos com a economia ameaça reeleição de Biden

Inflação do país reduziu-se para níveis próximos aos 2% pré-pandemia, e a economia cresceu 3,1% em 2023

Protesto em frente ao cassino Four Queens, em Las Vegas, Nevada, em 2 de fevereiro de 2024 (Paula Ramon/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 14h39.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 14h48.

Milhares de trabalhadores dos luxuosos cassinos de Las Vegas passaram meses em pé de guerra por aumentos salariais. A sensação de que o dinheiro é insuficiente é compartilhada por milhões de americanos e ameaça as possibilidades de reeleição de Joe Biden .

"A economia está horrível. A inflação afetou todo mundo", disse à AFP Jennine Minervini, do Culinary Workers, em um protesto em frente ao cassino Golden Nuget.

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O sindicato, que agrupa cerca de 60 mil trabalhadores da também chamada Cidade do Pecado, chegou a um acordo com os cassinos, mas a insatisfação da classe trabalhadora reflete o desafio de Biden frente ao eleitorado apesar dos excelentes indicativos econômicos.

A inflação, que em 2022 chegou a seu nível mais alto em 40 anos (9,1%), reduziu-se para níveis próximos aos 2% pré-pandemia, e a economia cresceu 3,1% em 2023, com o desemprego próximo a mínimos históricos.

"Esta é uma boa economia", declarou recentemente o presidente do Federal Reserve ( Fed, banco central), Jerome Powell.

Mas os preços continuam altos, e a percepção nas ruas é diferente.

Os protestos por aumentos salariais marcaram o ano passado. Os sindicatos das indústrias automotivas e do entretenimento paralisaram com a mesma reclamação: os salários não acompanham os aumentos de preços.

Apenas 36% dos eleitores aprovam o desempenho de Biden em matéria econômica, segundo números da NBC News divulgados na segunda-feira.

"Tudo subiu: o custo de vida, o aluguel, os seguros dos carros, os alimentos", disse Andrew Wentland, um trabalhador do setor hoteleiro de Las Vegas que arrumou um segundo emprego e cumpre jornadas diárias de 16 horas para o salário chegar ao fim do mês.

"Tentei fazer ajustes. É duro quando você se dá conta de que tem de viver como se fosse pobre. O dinheiro simplesmente não dá".

Preocupação

Enquanto os trabalhadores enfrentavam frio e chuva em seus piquetes, o presidente elogiava as notícias positivas no mercado de trabalho, com a criação de 14,8 milhões de postos desde que chegou ao poder.

"A economia dos Estados Unidos é a mais forte do mundo", disse em nota. "Hoje temos provas".

Esta incoerência, para especialistas, alimenta a impopularidade de Biden, com índice de aprovação de apenas 37%, segundo a NBC.

"Acredito que as pessoas ficam preocupadas quando falta dinheiro", afirmou Peter Guzmán, presidente da Câmara Latina de Comércio de Nevada, com mais de 1,5 mil membros no estado, cuja principal atividade econômica é o entretenimento.

"Quando se trata de eleições, é isto que influencia o voto. As pessoas vão votar de acordo com sua carteira. É um indicador significativo".

O gasto bélico também impacta a opinião pública, que acredita que Washington prioriza os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio em detrimento da situação nacional.

"O governo pegou meus impostos e deu todo o dinheiro para os povos em conflito. Não temos nada a ver com isso. Cuidem de nós antes de cuidar deles", reclamou Wentland.

"Resultados"

O ciclo eleitoral acabou de começar, com as primárias que definirão os candidatos de cada partido.

Apesar das dezenas de acusações na Justiça, Trump lidera, com folga, a corrida pela indicação republicana, o que o colocaria novamente contra Biden em novembro.

O democrata derrotou-o com estreita margem em 2020, mas as curvas de popularidade começaram a se inverter em 2023.

Os números da NBC colocam-no com 47% de apoio frente a 43% de Biden.

"Não gosto de Trump (...) de sua personalidade, mas reconheço que seu conhecimento sobre economia ajudou o país", disse a empresária Laura Bolado, que ainda não decidiu seu voto.

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