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Inquérito não vê conspiração de Trump, mas deixa perguntas sem resposta

O relatório do procurador-geral dos EUA afirma que Mueller não encontrou provas suficientes para justificar as acusações contra Trump

"Isso foi uma manobra ilegal que fracassou", disse Trump neste domingo (Mike Theiler/Reuters)

"Isso foi uma manobra ilegal que fracassou", disse Trump neste domingo (Mike Theiler/Reuters)

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Reuters

Publicado em 25 de março de 2019 às 10h15.

Washington — O procurador-especial Robert Mueller não encontrou indícios de conluio entre a campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a Rússia na eleição de 2016, mas não esclareceu se Trump obstruiu a Justiça minando as investigações que vêm assombrando seu governo.

Embora as descobertas de Mueller sobre uma eventual obstrução de Justiça sejam inconclusivas, o procurador-geral dos EUA, William Barr, disse em comunicado divulgado no domingo que a equipe de Mueller não encontrou provas suficientes para justificar a apresentação de acusações contra Trump.

O anúncio representou uma vitória política para Trump, que logo reivindicou uma "absolvição completa e total", enquanto seus oponentes democratas expressaram insatisfação com o desfecho e prometeram insistir com inquéritos parlamentares sobre os negócios profissionais e pessoais do presidente.

A investigação de 22 meses de Mueller concluiu que ninguém da campanha de Trump "conspirou ou se coordenou com o governo russo", segundo um resumo de quatro páginas de Barr sobre o relatório confidencial de Mueller.

O relatório longamente aguardado, que analisou se a campanha de Trump se mancomunou com esforços russos para ajudá-lo a derrotar sua adversária democrata, Hillary Clinton, assinalou um marco de sua Presidência enquanto ele se prepara para a batalha pela reeleição em 2020.

Trump descreve o inquérito Mueller como uma "caça às bruxas", dizendo não ter havido conluio com Moscou e negando ter obstruído a Justiça. É tido como certo que ele usará o relatório para atacar seus oponentes democratas na corrida de 2020.

"Isso foi uma manobra ilegal que fracassou", disse Trump a repórteres no domingo. "É uma vergonha que nosso país tenha tido que passar por isso".

Muitos dos opositores do presidente o acusaram de obstruir o inquérito sobre a Rússia ao demitir o então diretor do FBI, James Comey, em 2017. O próprio Mueller não concluiu se Trump violou a lei, mas apresentou seus indícios a Barr para que este chegue a uma determinação.

"Embora este relatório não conclua que o presidente cometeu um crime, tampouco o absolve", escreveu Mueller no relatório final de uma investigação que levou ao indiciamento e à condenação de vários ex-assessores de alto escalão de Trump, segundo citação de Barr.

Barr, indicado de Trump que tomou posse no mês passado, disse que ele e o vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, concluíram que os indícios não justificam a apresentação de acusações de obstrução.

Os democratas, porém, disseram que querem ver o relatório de Mueller por si mesmos em meio às suas próprias investigações sobre a eleição de 2016 e as transações comerciais e financeiras de Trump.

A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disseram que o fato de Mueller não ter inocentado Trump de uma obstrução "demonstra como é urgente que o relatório completo e a documentação subjacente sejam tornados públicos sem demora".

Mueller encerrou sua investigação formalmente na sexta-feira depois de emitir acusações contra 34 pessoas, inclusive agentes russos e ex-aliados destacados de Trump, como seu gerente de campanha, Paul Manafort, seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, Mike Flynn, e seu advogado pessoal, Michael Cohen.

Mas nenhuma das acusações indicou diretamente se a campanha de Trump trabalhou com Moscou.

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