Infraestrutura e educação limitam crescimento da AL
Essa foi a conclusão dos participantes de um painel que discutiu hoje os riscos que podem afetar a América Latina, durante o Fórum Econômico Mundial na América Latina de 2011
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2011 às 17h24.
São Paulo - O crescimento impulsionado pela exportação de produtos básicos, as deficiências na infraestrutura, a baixa qualidade da educação e o reduzido investimento em inovação são os principais limitadores da expansão econômica da América Latina, que está diante de grandes oportunidades de avanços socioeconômicos. Essa foi a conclusão dos participantes de um painel que discutiu hoje os riscos que podem afetar a América Latina, durante o Fórum Econômico Mundial na América Latina de 2011, no Rio de Janeiro.
O ex-ministro colombiano do Desenvolvimento Maurício Cárdenas, diretor do Brookings Institute para a América Latina, disse não ter dúvidas de que essa é a década da América Latina, com destaque para o Brasil, mas ressaltou que há riscos enormes. O primeiro deles é o crescimento impulsionado pela venda de commodities, cuja demanda pode ser reduzida no futuro próximo, caso se confirmem os sinais de recessão mundial e de excesso de investimento na China, que tem capacidade ociosa alta.
"Sempre que há um excesso de investimento, há um ajuste depois. É possível que a desaceleração da China reduza a demanda. Precisamos nos preparar para um patamar de preços diferentes das commodities", disse.
Cárdenas também vê como risco externo a tendência de aperto fiscal nos Estados Unidos, que pode dificultar o desenvolvimento de países latino-americanos que têm como foco principal de seus investimentos o consumidor americano. O Panamá foi citado como exemplo. Para ele, as transformações políticas podem levar os Estados Unidos a um caminho de maior isolamento, com maiores barreiras econômicas para a região.
O colombiano apontou a infraestrutura frágil dos países latino-americanos como um dos principais gargalos para o crescimento e brincou com a plateia, ao chegar atrasado. "Estava experimentando a infraestrutura", disse, relatando que ficara uma hora num engarrafamento no Rio.
Educação
Além de um fator de risco para a expansão de projetos e investimentos, Rebeca Grynspan, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), apontou o baixo investimento em educação e em inovação como outro limitador do potencial econômico da América Latina, inclusive na maior economia da região, o Brasil. "Os países conseguiram levar a educação a todos, mas as desigualdades terão de ser enfrentadas com o aumento da qualidade do ensino terciário e com mais investimento em pesquisa e desenvolvimento", afirmou.
O economista brasileiro Roberto Teixeira da Costa, do Conselho de Empresários da América Latina (Ceal), apontou a descentralização da gestão da educação como um entrave para a melhoria da qualidade do ensino no Brasil. "Há um consenso geral de que o principal problema do Brasil é a educação. Em todo lugar ouço isso. O problema é que a educação no Brasil é responsabilidade dos Estados, não é afetada (imediatamente) por mudanças do governo (federal). O ministro da Educação deveria ser o mais importante do governo, mas não é."
São Paulo - O crescimento impulsionado pela exportação de produtos básicos, as deficiências na infraestrutura, a baixa qualidade da educação e o reduzido investimento em inovação são os principais limitadores da expansão econômica da América Latina, que está diante de grandes oportunidades de avanços socioeconômicos. Essa foi a conclusão dos participantes de um painel que discutiu hoje os riscos que podem afetar a América Latina, durante o Fórum Econômico Mundial na América Latina de 2011, no Rio de Janeiro.
O ex-ministro colombiano do Desenvolvimento Maurício Cárdenas, diretor do Brookings Institute para a América Latina, disse não ter dúvidas de que essa é a década da América Latina, com destaque para o Brasil, mas ressaltou que há riscos enormes. O primeiro deles é o crescimento impulsionado pela venda de commodities, cuja demanda pode ser reduzida no futuro próximo, caso se confirmem os sinais de recessão mundial e de excesso de investimento na China, que tem capacidade ociosa alta.
"Sempre que há um excesso de investimento, há um ajuste depois. É possível que a desaceleração da China reduza a demanda. Precisamos nos preparar para um patamar de preços diferentes das commodities", disse.
Cárdenas também vê como risco externo a tendência de aperto fiscal nos Estados Unidos, que pode dificultar o desenvolvimento de países latino-americanos que têm como foco principal de seus investimentos o consumidor americano. O Panamá foi citado como exemplo. Para ele, as transformações políticas podem levar os Estados Unidos a um caminho de maior isolamento, com maiores barreiras econômicas para a região.
O colombiano apontou a infraestrutura frágil dos países latino-americanos como um dos principais gargalos para o crescimento e brincou com a plateia, ao chegar atrasado. "Estava experimentando a infraestrutura", disse, relatando que ficara uma hora num engarrafamento no Rio.
Educação
Além de um fator de risco para a expansão de projetos e investimentos, Rebeca Grynspan, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), apontou o baixo investimento em educação e em inovação como outro limitador do potencial econômico da América Latina, inclusive na maior economia da região, o Brasil. "Os países conseguiram levar a educação a todos, mas as desigualdades terão de ser enfrentadas com o aumento da qualidade do ensino terciário e com mais investimento em pesquisa e desenvolvimento", afirmou.
O economista brasileiro Roberto Teixeira da Costa, do Conselho de Empresários da América Latina (Ceal), apontou a descentralização da gestão da educação como um entrave para a melhoria da qualidade do ensino no Brasil. "Há um consenso geral de que o principal problema do Brasil é a educação. Em todo lugar ouço isso. O problema é que a educação no Brasil é responsabilidade dos Estados, não é afetada (imediatamente) por mudanças do governo (federal). O ministro da Educação deveria ser o mais importante do governo, mas não é."