Indonésia construirá nova capital para substituir a superlotada Jacarta
Nova capital será na parte oriental da ilha de Bornéu e objetivo é fugir da congestão viária, da superpopulação e inundações de Jacarta
EFE
Publicado em 26 de agosto de 2019 às 11h57.
Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 12h03.
Jacarta — O governo da Indonésia começará a construir sua nova capital no final de 2020 na parte oriental da ilha de Bornéu para fugir da congestão viária, da superpopulação e das inundações de Jacarta, anunciou nesta segunda-feira o presidente, Joko Widodo.
A nova capital alojará inicialmente um milhão e meio de residentes e custará cerca de 466 trilhões de rupias (US$ 32,65 bilhões) e espera-se que a mudança possa começar em 2024, quando terminar a legislatura atual do presidente.
Widodo anunciou que a capital será transferida de Jacarta a uma zona entre os municípios de Kutai Kartanegara e Penajam Paser Utara, no leste da ilha de Bornéu.
O presidente acrescentou que a escolha da nova localização entre os dois municípios se deve ao fato de ser uma zona de "mínimo risco" de desastres como tsunamis, terremotos e vulcões que castigam com frequência outras ilhas do arquipélago, e por sua proximidade com a capital provincial, Balikpapan.
A localização entre as cidades de Samarinda e Balikpapan, conectadas por uma rodovia de cerca de 90 quilômetros, e sua conexão com o porto e aeroporto da capital provincial também foram determinantes na hora de designá-la na frente de outras candidatas, segundo o presidente.
Widodo apontou em discurso televisionado que a decisão se deve ao excessivo peso que Jacarta, situada na ilha de Java, tem na nação em seu conjunto, ao ser o centro econômico, empresarial, comercial e administrativo, e aos problemas de superpopulação e poluição da atual capital.
"O peso da ilha de Java é excessivo, com 150 milhões de pessoas ou 54% da população da Indonésia (de 265 milhões), e 58% do Produto Interno Bruto (PIB) situado em Java", disse Widodo.
O ministro de Planejamento do Desenvolvimento Nacional, Bambang Brodjonegoro, apontou que o processo de design da cidade e das infraestruturas se prolongará até o final de 2020, quando começará a ser construída a nova cidade praticamente a partir de zero perto do parque nacional Bukit Soeharto, em uma zona sem populações grandes.
Brodjonegoro detalhou que 19% do custo provirá do orçamento federal e o resto da venda de ativos do Governo em Jacarta e do investimento de empresas privadas e nacionais.
Cerca de 30 milhões de pessoas vivem na região metropolitana formada por Jacarta e suas cidades-satélite, uma das capitais mais poluídas do mundo e cujos engarrafamentos causaram perdas de bilhões de euros ao estado.
Além disso, as inundações supõem um perigo por causa do afundamento do solo, causado sobretudo pela extração da água subterrânea e que afeta especialmente o norte da capital, onde o número médio de subsidência é dentre 15 e 20 centímetros ao ano.
A ideia de situar a capital foi ponderada por sucessivas administrações indonésias desde a primeira presidência de Sukarno, que governou a Indonésia entre 1945 e 1967.