A Índia é um dos países que mais preocupa os especialistas devido à sua grande população e ao frágil sistema de saúde (Anshuman Poyrekar/Hindustan Times/Getty Images)
AFP
Publicado em 28 de setembro de 2020 às 09h01.
Última atualização em 28 de setembro de 2020 às 09h03.
A Índia ultrapassou, nesta segunda-feira (28), seis milhões de casos oficialmente registrados de coronavírus e se aproxima dos Estados Unidos, país com o maior número de infectados no mundo, segundo dados do Ministério da Saúde.
Com 6,1 milhões de contágios, a Índia pode superar os Estados Unidos (7,2 milhões) nas próximas semanas.
A Índia é um dos países que mais preocupa os especialistas, devido à sua grande população - 1,3 bilhão de pessoas - e ao fato de possuir algumas das cidades mais densamente povoadas do mundo, com um sistema de saúde frágil.
O país registra oficialmente entre 80.000 e 90.000 novos casos todos os dias, o maior balanço no mundo há várias semanas.
Em termos de mortes, a Índia tem uma taxa muito menor do que outros países e registra oficialmente quase 100.000 óbitos desde o início da pandemia, enquanto os Estados Unidos, com cerca de um quarto de sua população, tem 205.000, e o Brasil, 140.000.
No domingo, o primeiro-ministro Narendra Modi pediu à população que continuasse usando máscara fora de casa.
"Essas regras são armas na guerra contra o coronavírus. São ferramentas poderosas para salvar a vida de cada cidadão", disse Modi em seu discurso mensal no rádio.
Cidades importantes como Mumbai e Nova Délhi foram as primeiras afetadas pelo vírus, que já se espalhou para regiões e áreas rurais, onde as infraestruturas de saúde são menos desenvolvidas.
"A infecção está se espalhando em várias áreas onde a transmissão é ativa", disse à AFP a ex-ministra da Saúde Sujatha Rao. "É difícil controlar a transmissão em tal situação e uma mudança radical só será possível com a aplicação rigorosa de medidas de contenção e prevenção, como o uso de máscaras".
Apesar do avanço da epidemia, analistas consideram improvável que o governo decida impor um novo confinamento, já que o primeiro, em março, afundou a economia do país. Pelo contrário, as autoridades continuam a suspender as restrições.
Algumas escolas reabriram. Trens, metrô, voos domésticos, mercados e restaurantes também podem funcionar normalmente e o Taj Mahal reabriu aos turistas há uma semana.
"A epidemia está bem arraigada na população", disse à AFP Anand Krishnan, professor na estrutura pública de maior prestígio do país, o Instituto de Ciências Médicas da Índia (AIIMS).
"A única coisa que se pode fazer é cuidar dos enfermos, identificá-los mais rapidamente e tratá-los melhor. E seguir as regras de distanciamento social", acrescentou.
Alguns residentes de Nova Délhi disseram à AFP que sua preocupação com o vírus não é tão forte quanto antes.
"Fico fora de casa o dia todo para trabalhar. Mas, quanto ao resto, não saio de casa", disse Umang Chutani, de 23 anos, que trabalha em uma farmácia.
Himanshu Kainthola, 61, que esteve doente com a covid-19 no mês passado, mas se recuperou, também afirmou que a preocupação "diminuiu muito" em sua família.
"Aprendemos a conviver com isso. Estamos tomando as precauções necessárias e queremos aumentar nossa imunidade em vez de deixar o medo nos vencer", apontou.