"Incêndios zumbis" se alastram e viram motivo de preocupação no Canadá
Focos de calor que sobrevivem à neve podem dar origem a queimadas gigantes quando o inverno passar
Agência de notícias
Publicado em 18 de fevereiro de 2024 às 15h38.
Autoridades do norte do Canadá e do Alasca têm registrado nos últimos anos um aumento nos registros dos chamados “incêndios zumbis”, que são as queimadas florestais que permanecem ativas mesmo após o início do inverno no hemisfério Norte, com extensas faixas de fumaça emanando sob grossas camadas de neve.
Um estudo de 2021 feito a partir de imagens de satélites indicou que esses “incêndios zumbis” se tornaram mais comuns nas florestas árticas, provavelmente devido às mudanças climáticas. Esse estudo, desenvolvido pela bióloga Jennifer Baltzer da Universidade Wilfrid Laurier (Canadá), revelou que as chamas que sobrevivem à neve consomem as raízes de árvores, e não a turfa (o material orgânico rico em carbono encontrado sob o solo), como era esperado.
Outro estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Fairbanks (Alasca), mostrou que três dos principais incêndios florestais do país de 2019 permaneceram ativos no início de 2020, mesmo debaixo de neve.
Reportagem publicada pela rede britânica ‘BBC’ mostra que na comuna de Fort Nelson, em Columbia Britânica, no Canadá, a fumaça continua emanando da neve neste mês mesmo a temperaturas de -40°C. A província canadense registrou em janeiro 106 “incêndios zumbis” ativos, o que aumenta a preocupação das autoridades locais em relação ao cenário que se apresentará quando começar o verão, no início do segundo semestre, uma vez que esses focos de calor que sobrevivem ao gelo podem dar início a incêndios gigantes quando a neve se esvair.
O mesmo cenário de fumaça sob a neve já é observado também na província vizinha de Alberta, onde essas ocorrências normalmente se dão a partir de abril.
No ano passado, incêndios florestais consumiram mais de 18 milhões de hectares no Canadá, número que supera a média do país na última década. A temporada foi uma das mais fatais da história recente do país.