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Envolvidos em morte de jornalista saudita se formaram nos EUA, diz jornal

O jornalista recebeu uma injeção, "provavelmente um poderoso sedativo", antes que um saco fosse colocado em sua cabeça

Jamal: "eu não consigo respirar. Tenho asma. Não façam isso", grita Jamal Khashoggi pouco antes de sua morte (Osman Orsal/Reuters)

Jamal: "eu não consigo respirar. Tenho asma. Não façam isso", grita Jamal Khashoggi pouco antes de sua morte (Osman Orsal/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de março de 2019 às 15h12.

Última atualização em 30 de março de 2019 às 15h12.

Membros do comando saudita que matou o jornalista Jamal Khashoggi participaram de um treinamento nos Estados Unidos, informou o Washington Post, que também revela novos elementos sobre a morte de seu ex-colunista.

Crítico do regime, o intelectual saudita que residia nos Estados Unidos foi morto e desmembrado em 2 de outubro por um comando de 15 agentes sauditas vindos de Riad no consulado de seu país em Istambul. Seu corpo nunca foi encontrado.

Depois de negar o assassinato, a Arábia Saudita acabou por reconhecer uma operação realizada por elementos "fora de controle". O processo de onze suspeitos foi aberto no começo do ano pela Justiça saudita.

Mas as dúvidas persistem, começando pelo papel do poderoso príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, considerado pelo Senado americano como o "responsável" pelo crime, mas que o governo de Donald Trump se recusa a questionar publicamente.

Segundo o editorialista do Washington Post, David Ignatius, "um saudita que leu atentamente a transcrição de uma gravação em áudio", feita graças a um microfone colocado pelos serviços turcos no consulado, disse a ele que o comando pretendia sequestrar Jamal Khashoggi para levá-lo de volta à Arábia Saudita e interrogá-lo.

Mas essa fonte saudita acrescentou, citando uma nota na transcrição, que o jornalista recebeu uma injeção, "provavelmente um poderoso sedativo", antes que um saco fosse colocado em sua cabeça.

"Eu não consigo respirar. Tenho asma. Não façam isso", grita Jamal Khashoggi pouco antes de sua morte, de acordo com esta transcrição citada pela mesma fonte saudita no jornal.

De acordo com David Ignatius, que disse ter interrogado mais de uma dúzia de fontes americanas e sauditas sob condição de anonimato, alguns membros deste "grupo de intervenção rápida", criado pelos serviços sauditas e enviado a Istambul, "receberam treinamento nos Estados Unidos ".

"A CIA indicou a outras agências governamentais que esse treinamento em operações especiais poderia ter sido parcialmente realizado pela Tier 1 Group, uma empresa do Arkansas, sob licença do Departamento de Estado americano", acrescentou o jornal.

"Este treinamento ocorreu antes da morte de Khashoggi" e "não recomeçou desde então", disse ele, assegurando que várias outras trocas de segurança entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita estão pendentes desde o assassinato.

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