Imprensa internacional comenta eleições e fala sobre Dilma
Jornais apontam preocupações com situação tributária e o papel do Estado na economia brasileira caso a candidata seja eleita
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
São Paulo - A dois dias das eleições presidenciais no Brasil, a mídia internacional direciona seus holofotes para o processo de escolha do próximo líder de uma das economias mais badaladas do mundo. Importantes jornais e revistas de política e economia publicaram nesta semana artigos comentando os eventos do próximo domingo (3/10), com foco na candidata do PT, Dilma Rousseff.
Na quinta-feira (30/09), a revista britânica The Economist publicou um texto ressaltando que Dilma precisará "sair da sombra" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nota destacou que a candidata terá grandes desafios se for eleita, como enfrentar a corrupção no Congresso, regular a influência do Estado na economia e conduzir bem as questões de política externa do país.
No mesmo dia, Wall Street Journal (WSJ - EUA) e Financial Times (FT - Reino Unido) também publicaram matérias comentando as eleições. O jornal norte-americano trouxe em sua primeira página um extenso perfil de Dilma Rousseff, não deixando de mencionar seu passado na militância política e na guerrilha urbana.
Segundo o WSJ, os mais céticos acreditam que a petista demonstra pouco interesse nas reformas estruturais necessárias para o país "deixar de ser uma nação emergente", como a tributária. "Reduzir uma das maiores cargas tributárias do hemisfério" e controlar os gastos públicos que "dobraram durante o governo Lula" são alguns dos desafios que o jornal aponta para Dilma.
O periódico britânico Financial Times trazia discussões semelhantes. Segundo o jornal, executivos de grandes empresas brasileiras e multinacionais demonstram preocupação com a possibilidade de Dilma não tratar problemas como o da situação tributária. A vitória da candidata do PT é vista com um misto de "otimismo e apreensão" pelos empresários, segundo o FT. Eles se preocupam ainda com o peso exagerado do Estado na economia.
A matéria relembra o fato de que Lula, antes de ser eleito pela primeira vez, era visto como o candidato da mudança. Entretanto, ele é visto hoje como o presidente que soube dar continuidade a importantes conquistas de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, como o controle da inflação e o acerto das finanças do Estado. "Lula manteve no lugar os pilares macroeconômicos", disse o FT, que enfatizou ainda as políticas sociais do atual presidente.
Isto posto, o artigo coloca em questão como Dilma irá se comportar com relação às conquistas de Lula se ela assumir o governo. "O Brasil tem muitas razões para optar pela continuidade no próximo domingo. Não está claro ainda, entretanto, o que isto significa, nem quais serão as consequências."
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