Imprensa americana destaca riscos para Trump em casos de Cohen e Manafort
Manafort condenado em oito acusações de fraude, enquanto Cohen reconheceu vários crimes, entre eles violações no financiamento de campanhas eleitorais
EFE
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 14h25.
Washington - Os jornais americanos alertaram nesta quarta-feira as consequências negativas para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , do veredicto de culpabilidade contra seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort, e a confissão de crimes de seu ex-advogado Michael Cohen, que envolvem o próprio republicano.
Ontem, Manafort foi declarado culpado de oito acusações de fraude, alheias a Trump, por um júri; enquanto Cohen reconheceu vários crimes, entre eles dois de violações das normas de financiamento de campanhas eleitorais, envolvendo de forma explícita o presidente.
O jornal "The Washington Post" não hesitou em seu editorial em pôr o foco sobre Trump: "O presidente dos EUA foi acusado de forma crível em uma corte federal de pedir a um dos seus subordinados que cometesse um crime federal", dizia o texto, que explicou que o objetivo do líder foi fazer uma fraude "aos eleitores".
"Trump não pode fingir que estes crimes não ocorreram ou que não têm nada a ver com ele. E o Congresso também não pode fazê-lo", prosseguiu o jornal, que também pediu aos legisladores uma investigação contra o presidente.
Nesse sentido, o "The Washington Post" reivindicou ao Partido Democrata e ao Republicano que voltem ao dever público do qual "abdicaram", e considerou que um congressista "não pode deixar com a sua consciência tranquila que um conspirador esteja na Casa Branca".
O "The Wall Street Journal" seguiu uma linha similar e em seu editorial desta quarta-feira incidiu que os fatos conhecidos ontem prejudicam a imagem do presidente e mostram "os obscuros" colaboradores com os quais Trump se cerca em sua vida privada e política.
"Se eles representam uma ameaça fatal para a sua Presidência, está longe de ser claro e as provas em ambos os casos não estão relacionadas com as alegações de coordenação com a Rússia que colocaram as investigações em movimento", expressou o jornal nova-iorquino, que vê no episódio de Cohen um risco maior para o presidente.
O "The Wall Street Journal" também apontou as eleições legislativas de novembro como um momento-chave para Trump, já que o jornal duvidou que o presidente vá ser acusado enquanto estiver na Casa Branca, mas acredita que um Congresso com maioria democrata pode proceder com um "processo de destituição".
Já o "The New York Times" afirmou que "só um completo fantasioso - somente o presidente Trump e sua seita - poderia continuar dizendo que a investigação sobre subversão estrangeira das eleições dos EUA é uma 'caça às bruxas'".