Australianos protestam contra campos de refugiados: "O Ministério e seus provedores de serviços estão trabalhando juntos para resolver a situação", informaram as autoridades (David Gray / Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2015 às 08h49.
Sydney - As autoridades da Austrália tentam nesta segunda-feira sufocar um motim que explodiu na noite de domingo no centro de detenção de imigrantes na remota ilha Christmas depois que um refugiado curdo iraniano foi encontrado morto ao tentar fugir.
O Ministério de Imigração da Austrália confirmou os "distúrbios" no centro de apoio a imigrantes desta ilha situada a 2.650 quilômetros a noroeste de Perth, embora não tenha divulgado detalhes da situação.
"O Ministério e seus provedores de serviços estão trabalhando juntos para resolver a situação", informaram as autoridades, que asseguram que não há feridos.
Embora os detalhes ainda sejam confusos, várias fontes informaram sobre o caos que reina no centro de detenção em consequência do motim e da ausência das autoridades.
O deputado neozelandês Kelvin Davis, que visitou recentemente a ilha, disse à emissora "ABC" que neozelandeses retidos no centro à espera de serem deportados lhe informaram que os amotinados "se apoderaram do centro de detenção".
"Ouvi que os guardas saíram do centro de detenção, que as grades foram derrubadas e que os detidos nas áreas segregadas estão misturados com os demais", acrescentou Davis.
Uma versão similar foi dada pelo representante da Coalizão de Ação para os Refugiados, Ian Rintoul, que comentou à "ABC" que "as grades foram derrubadas, a Serco (empresa contratada para realizar a segurança) abandonou o centro e há vários incêndios".
O motim começou por causa da morte de Fazel Chegeni, cujo corpo foi encontrado no domingo pouco depois de ter escapado do centro de detenção.
Segundo a ativista Pamela Curr, Chegeni, que tinha sido torturado brutalmente no Irã, já tinha tentado se suicidar antes em outro centro de detenção.
"Nosso governo sabia disso porque aceitaram as provas e decidiram a favor de dar-lhe refúgio, mas apesar de ter sido brutalmente torturado o mantiveram detido por anos", ressaltou Curr à "ABC".
Um dos detidos, Matej Cuperka, disse à "ABC" que o motim foi iniciado por ex-condenados dos quais foi cancelado o visto após sua passagem pela prisão.
"A morte (do iraniano) é muito suspeita", disse Cuperka, acrescentando que os reclusos que começaram os distúrbios "acreditam que os funcionários da Serco fizeram alguma coisa com ele".
Segundo dados oficiais do dia 31 de maio de 2015, a ilha Christmas tem 149 homens confinados, entre eles cidadãos neozelandeses e britânicos que esperam ser deportados da Austrália, além de solicitantes de asilo.