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Imigrante que denunciou Strauss-Kahn lamenta ter passado de vítima a acusada

Nissatou Diallo falou de suas queixas em entrevista à revista Newsweek, reclamando contra aqueles que a chamaram de "prostituta"

Strauss-Kahn ainda não contou a sua versão sobre a acusação de crime sexual (Getty Images)

Strauss-Kahn ainda não contou a sua versão sobre a acusação de crime sexual (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2011 às 18h05.

Washington - A mulher que acusou de abuso sexual o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, confessou neste domingo se sentir magoada com aqueles que disseram que ela era uma "prostituta" e lamentou que em poucas horas passou de vítima a acusada.

Nissatou Diallo, de 32 anos, rompeu seu silêncio em uma extensa entrevista à revista Newsweek porque, segundo disse, queria corrigir o retrato errado que os meios de comunicação tinham feito dela.

"Por culpa dele me chamam de prostituta. Quero que vá para a prisão. Quero que saiba que há alguns lugares nos quais não pode usar seu poder, não pode usar seu dinheiro", lamenta.

A imigrante guineana conta na revista que foi agredida quando trabalhava como faxineira em um hotel de Nova York.

Segundo seu relato, após perguntar se havia alguém e não obter resposta, entrou para limpar um quarto que achava que estava vazio, quando apareceu Strauss-Kahn nu, que se dirigiu na direção dela.

Diallo pediu desculpas e se apressou para ir embora, mas Strauss-Kahn, segundo sua versão dos fatos, tentou agarrar seus seios, bloqueou sua passagem e a empurrou para a cama.

A mulher tentou dissuadir Strauss-Kahn dizendo que seu supervisor estava na porta, mas, segundo ela "o homem disse que não havia ninguém lá fora e ninguém ia escutar".

A jovem detalha como ele a obrigou a manter sexo oral enquanto a agarrava tão forte que lhe deixou marcas no corpo e lhe causou uma lesão parcial de um ligamento no ombro esquerdo, segundo o relatório médico.

Em repetidas ocasiões diz que temia perder seu trabalho e não sabia o que fazer. Finalmente contou a seu supervisor e chamou a Polícia.

Diallo assegura que não sabia quem era aquele homem e quando no dia seguinte viu nas notícias que se tratava do futuro candidato à Presidência da França pensou "agora todo mundo vai dizer de tudo sobre mim, tudo mal".

Strauss-Kahn não contou a versão de seus fatos, mas, segundo disse à revista um de seus advogados, William Taylor, considerou que hoje se está tentando pressionar os promotores com este "teatro".

Viúva, mãe de uma menina adolescente e analfabeta conta que foi estuprada por dois militares em seu país e que solicitou o asilo político nos EUA porque quando era menina sofreu em seu país a ablação - a mutilação parcial dos genitais.

As condições nas quais chegou ao país como imigrante, um possível passado como prostituta, sua relação com um homem de Serra Leoa "ao qual considerava amigo", preso por causa de drogas, levantaram todo tipo de comentários e suspeitas contra ela.


A Promotoria assinalou, além disso, que a mulher mentiu durante a investigação sobre o ocorrido imediatamente depois do incidente no hotel Sofitel, já que segundo um escrito judicial reconheceu que tinha acrescentado algumas coisas a seu testemunho.

Mas ela defende que manteve seu testemunho todo o tempo. "Contei-lhes o que este homem me fez. Nunca mudei. Sei o que este homem me fez".

DSK, de 62 anos, foi detido em 14 de maio quando ia tomar um avião rumo à França, após ser acusado de sete delitos relacionados com essas acusações, foi-lhe imposta uma multa e a prisão domiciliar em condições restritivas.

No entanto, se encontra desde o dia 1º de julho em liberdade condicional sem fiança depois que a Promotoria de Manhattan divulgou que em sua investigação tinha encontrado elementos que debilitavam o que a litigante disse.

Naquele dia, o juiz determinou que fosse liberado, devolvida sua fiança de um milhão de dólares e o aval bancário por outros cinco que depositou algumas semanas antes para sair da prisão nova-iorquina de Rikers Island.

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