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Ilha grega de Lesbos fica sem turistas após crise migratória

Cerca de 800 mil refugiados transitaram por Lesbos em 2015 com a esperança de chegar a países de Europa setentrional

Refugiados chegam a Ilha grega de Lesbos: em Molivos, a taxa de ocupação hoteleira no fim de julho foi de apenas 10% (Reuters / Yannis Behrakis)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2016 às 11h34.

"Esperávamos uma temporada difícil, mas é muito pior do que imaginávamos", afirma Marilena Gourgoutzi em seu restaurante quase vazio na ilha grega de Lesbos, que tenta se desvencilhar da imagem da crise migratória que espantou o turismo.

Em Molivos, uma localidade da parte norte onde fica o restaurante, a taxa de ocupação hoteleira no fim de julho foi de apenas 10%.

Theo Vathis, de 74 anos, e sua esposa Maria, donos do hotel Akti há 40 anos, têm agora dificuldades para pagar juros e empréstimos bancários.

Há um ano, o homem passava seus dias levando em sua caminhonete dezenas de refugiados que chegavam à praia de Molivos até os centros de abrigo, a fim de poupar-lhes uma longa caminhada.

"Nessa época ainda não havia ONGs. Lhes dávamos roupas, cobertores, comida", conta.

Cerca de 800.000 refugiados, em sua maioria sírios e iraquianos, transitaram por Lesbos em 2015, procedentes de Turquia, com a esperança de chegar a países de Europa setentrional.

As praias de Molivos, Etfalou e Skala Sikamia, foram cobertas de coletes salva-vidas e lanchas infláveis, rendendo fotos do êxodo maciço divulgadas no mundo todo.

Atualmente ainda se podem ver, mas nas lixeiras da ilha.

Imagens de miséria

No ano passado, Yorgos Fragoulis, que fabrica bijuterias com material reciclável, dava 10% de sua renda a uma ONG que ajuda os refugiados. Este ano, destina essa mesma quantia a outra entidade que ajuda gregos pobres.

"A situação piorou por culpa do governo, que atraiu para a Grécia muitos imigrantes (...), e dos jornalistas, gregos e estrangeiros, que divulgam imagens de miséria", afirma Vathis.

"Muitos veículos (de comunicação) continuam divulgando essas imagens de migrantes afogados e de praias sujas", apesar da situação ter mudado bastante graças aos acordos de março entre a União Europeia (UE) e a Turquia, lamenta Marilena Gourgoutzi.

"É injusto!", concorda Vaguelis Mirsinias, presidente da Câmara de Comércio de Lesbos.

Os acordos, que determinam que os migrantes devem retornar à Turquia, reduziram as chegadas de várias milhares de pessoas por dia a umas poucas dezenas atualmente. Também reduziram o número dos terríveis naufrágios.

Nas ilhas gregas situadas perto da Turquia, restam somente 9.000 migrantes, 3.600 deles em Lesbos. O gigantesco acampamento da zona portuária foi desmontado, e todos estão alojados em estruturas do exército e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"Todos os que agradeceram aos moradores de Lesbos pela ajuda que deram aos refugiados deveriam apoiar o turismo", pede Mirsinias, referindo-se à lista de personalidades que vão do papa Francisco à atriz Angelina Jolie, passando pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, que visitaram a ilha para expressar seu apoio aos migrantes.

"Já está tudo limpo"

"Já está tudo limpo. A ilha recuperará seu ritmo", garante o prefeito da ilha, Spiros Galinos.

O número de turistas em junho foi 64% inferior ao do mesmo mês de 2015 e a aterrizagem de voos charter caiu de 27 para 9 por semana, de acordo com Galinos.

O prefeito espera que a situação melhore e que essa temporada atraia um total de 80.000 visitantes, em comparação à média de 120.000 nos anos anteriores.

Nas últimas semanas, os turistas chegavam principalmente de outras regiões da Grécia e da Turquia, com estadias menos prolongadas que as dos alemães, britânicos e holandeses que costumavam lotar as praias da ilha antes da crise migratória.

A tentativa frustrada de golpe de Estado da semana passada na Turquia, que proibiu as saídas do país, foi um novo problema para a ilha.

Marilena Gourgoutzi, que tinha se entusiasmado pela chegada de "muitos turcos" ao fim do mês santo muçulmano do ramadã, agora está desolada pelo "claro recuo" desse afluxo.

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"Esperávamos uma temporada difícil, mas é muito pior do que imaginávamos", afirma Marilena Gourgoutzi em seu restaurante quase vazio na ilha grega de Lesbos, que tenta se desvencilhar da imagem da crise migratória que espantou o turismo.

Em Molivos, uma localidade da parte norte onde fica o restaurante, a taxa de ocupação hoteleira no fim de julho foi de apenas 10%.

Theo Vathis, de 74 anos, e sua esposa Maria, donos do hotel Akti há 40 anos, têm agora dificuldades para pagar juros e empréstimos bancários.

Há um ano, o homem passava seus dias levando em sua caminhonete dezenas de refugiados que chegavam à praia de Molivos até os centros de abrigo, a fim de poupar-lhes uma longa caminhada.

"Nessa época ainda não havia ONGs. Lhes dávamos roupas, cobertores, comida", conta.

Cerca de 800.000 refugiados, em sua maioria sírios e iraquianos, transitaram por Lesbos em 2015, procedentes de Turquia, com a esperança de chegar a países de Europa setentrional.

As praias de Molivos, Etfalou e Skala Sikamia, foram cobertas de coletes salva-vidas e lanchas infláveis, rendendo fotos do êxodo maciço divulgadas no mundo todo.

Atualmente ainda se podem ver, mas nas lixeiras da ilha.

Imagens de miséria

No ano passado, Yorgos Fragoulis, que fabrica bijuterias com material reciclável, dava 10% de sua renda a uma ONG que ajuda os refugiados. Este ano, destina essa mesma quantia a outra entidade que ajuda gregos pobres.

"A situação piorou por culpa do governo, que atraiu para a Grécia muitos imigrantes (...), e dos jornalistas, gregos e estrangeiros, que divulgam imagens de miséria", afirma Vathis.

"Muitos veículos (de comunicação) continuam divulgando essas imagens de migrantes afogados e de praias sujas", apesar da situação ter mudado bastante graças aos acordos de março entre a União Europeia (UE) e a Turquia, lamenta Marilena Gourgoutzi.

"É injusto!", concorda Vaguelis Mirsinias, presidente da Câmara de Comércio de Lesbos.

Os acordos, que determinam que os migrantes devem retornar à Turquia, reduziram as chegadas de várias milhares de pessoas por dia a umas poucas dezenas atualmente. Também reduziram o número dos terríveis naufrágios.

Nas ilhas gregas situadas perto da Turquia, restam somente 9.000 migrantes, 3.600 deles em Lesbos. O gigantesco acampamento da zona portuária foi desmontado, e todos estão alojados em estruturas do exército e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"Todos os que agradeceram aos moradores de Lesbos pela ajuda que deram aos refugiados deveriam apoiar o turismo", pede Mirsinias, referindo-se à lista de personalidades que vão do papa Francisco à atriz Angelina Jolie, passando pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, que visitaram a ilha para expressar seu apoio aos migrantes.

"Já está tudo limpo"

"Já está tudo limpo. A ilha recuperará seu ritmo", garante o prefeito da ilha, Spiros Galinos.

O número de turistas em junho foi 64% inferior ao do mesmo mês de 2015 e a aterrizagem de voos charter caiu de 27 para 9 por semana, de acordo com Galinos.

O prefeito espera que a situação melhore e que essa temporada atraia um total de 80.000 visitantes, em comparação à média de 120.000 nos anos anteriores.

Nas últimas semanas, os turistas chegavam principalmente de outras regiões da Grécia e da Turquia, com estadias menos prolongadas que as dos alemães, britânicos e holandeses que costumavam lotar as praias da ilha antes da crise migratória.

A tentativa frustrada de golpe de Estado da semana passada na Turquia, que proibiu as saídas do país, foi um novo problema para a ilha.

Marilena Gourgoutzi, que tinha se entusiasmado pela chegada de "muitos turcos" ao fim do mês santo muçulmano do ramadã, agora está desolada pelo "claro recuo" desse afluxo.

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