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Identificação das vítimas do Airbus A320 é minuciosa

Devido à violência do impacto, o estado dos corpos impede a identificação "imediata e fácil"

Equipes de resgate seguem para local do acidente com o Airbus da Germanwings: 79 pessoas trabalham nas buscas e posterior análise dos corpos (Reuters)
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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2015 às 06h39.

Pontoise - A identificação das vítimas do Airbus A320 da Germanwings, que caiu há uma semana nos Alpes franceses, consiste em um minucioso processo laboratorial que está sob responsabilidade de um único centro francês: o Instituto de Pesquisa Criminal da Gendarmaria Nacional (IRCGN).

O instituto, com sede no município de Pontoise, nos arredores de Paris, se dedica a realizar os testes laboratoriais necessários durante as investigações e a apoiar o desenvolvimento das mesmas com pessoal especializado desde 1987.

É para lá que estão sendo levados, em transporte especializado (terrestre ou aéreo), os restos humanos encontrados no local onde um avião da filial de baixo custo da Lufthansa se chocou em 24 de março contra o maciço de Trois Évêches com 150 pessoas a bordo.

Devido à violência do impacto, o estado dos corpos impede a identificação "imediata e fácil", tornando necessária a comparação desses restos com informações disponibilizadas pelas famílias das vítimas, explicou o coronel François Daoust.

Informações como laudos médicos e odontológicos, operações e cicatrizes são armazenadas em um arquivo "pós mortem" e adicionadas às descrições físicas e particularidades, como piercings ou tatuagens e também às amostras de DNA de pais, filhos ou parentes de sangue dos passageiros.

Na sede do IRCGN, uma equipe de 79 pessoas trabalha nas buscas e posterior análise dos corpos das vítimas, processo que, segundo o instituto informou esta semana, pode demorar até quatro meses e não há garantia identificação de todos os passageiros.

Como parâmetro mais recente, há o acidente do Air Algerie, ocorrido em julho de 2014 no Mali, cuja investigação, também conduzida pelo IRCGN, permitiu a identificação de 115 das 116 pessoas que estavam a bordo.

Pequenas amostras de tecido são enviadas a Paris, enquanto os restos mortais são mantidos em um necrotério no instituto, a uma temperatura inferior a 20 graus, que garante a conservação adequada.

Devidamente protegidos e em um ambiente isolado, os membros da equipe do IRCGN fazem a primeira "lavagem" dos corpos, antes de extrair o DNA da célula para então separá-lo dos outros componentes moleculares, "ampliá-lo" e estabelecer o perfil genético.

A análise de cada amostra leva cerca de oito horas e o instituto dispõe de capacidade para examinar 86 amostras ao mesmo tempo.

O processo de comparação demora, pois requer os dados genéticos dos restos mortais dos passageiros e também toda a informação disponibilizada pelas famílias, quase todas alemãs e espanholas.

A comissão de identificação das vítimas, composta por 10 pessoas, é responsável por entregar os resultados das análises ao procurador do caso, Brice Robin, que decidirá o encerramento da investigação e divulgará seus resultados e conclusões.

A esta comissão, se somam, na qualidade de observadores, dois especialistas alemães, dois espanhóis e dois membros da organização policial internacional, a Interpol, que oficializarão os relatórios, assim que estiverem disponíveis.

As mais de 400 amostras enviadas a Paris até o momento já permitiram o isolamento do DNA de 78 pessoas, mas o processo de identificação das vítimas ainda não começou, pois ainda falta recolher toda a documentação necessária com os familiares. Processo este, que, segundo Daoust, é "muito longo e difícil".

"É melhor trabalhar no ritmo da ciência do que se apressar e correr o risco de errar", disse o coronel, que, consciente da importância de entregar os restos das vítimas para as famílias, advertiu que não dará nenhuma informação até que todas as análises tenham sido concluídas.

São Paulo – Autoridades da França revelaram nesta manhã que o acidente com o Airbus A320 da Germanwings pode ter sido causado por ações de seu copiloto, o alemão Andreas Lubitz. Ele teria trancado o piloto do lado de fora da cabine e acionado o mecanismo de descida do avião, fazendo com que se chocasse contra o solo nos Alpes franceses e matando 150 pessoas. Este episódio, contudo, não é o primeiro da história da aviação no qual um membro da tripulação age de maneira deliberada a causar a queda de uma aeronave. A Aviation Safety Network, site que mantém registros destes incidentes, conta com uma relação de acidentes aéreos cujas investigações revelaram terem sido causados pelos próprios pilotos ou copilotos. Confira nas imagens.
  • 2. Voo 470 da Linhas Aéreas de Moçambique

    2 /7(Christian Volpati/WikimediaCommons)

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    Em 29 de novembro de 2013, uma aeronave da Linhas Aéreas de Moçambique percorria o trajeto entre Maputo, em Moçambique, e Luanda, em Angola, quando caiu em um parque nacional na Namíbia matando 33 pessoas. De acordo com análises feitas nas caixas-pretas, o piloto Hermínio dos Santos Fernandes teve a intenção de causar acidente ao trancar o copiloto do lado de fora da cabine e acionar o piloto automático, ignorando os alertas emitidos pela aeronave. Até hoje, as razões que levaram o piloto a derrubar o avião são desconhecidas. Segundo a ASN, Fernandes havia perdido um filho cerca de um ano antes da tragédia e enfrentava problemas em seu casamento. Na imagem, um avião similar ao que se envolveu no acidente.
  • 3. Voo 990 da EgyptAir

    3 /7(Konstantin von Wedelstaedt/WikimediaCommons)

  • Em 31 de outubro de 1999, um Boeing 767 da EgyptAir caiu no oceano cerca de duas horas depois de ter decolado do aeroporto JFK em Nova York matando 217 pessoas. De acordo com a ASN, o copiloto Gameel Al-Batouti desligou o piloto automático e mergulhou o avião no mar. Análises da caixa-preta mostraram que, momentos antes, o piloto havia deixado a cabine e, ao retornar, não entendeu o que estava acontecendo. Teria então gritado com o copiloto perguntando o que ele estava fazendo. A resposta, contudo, foi apenas “eu confio em Deus”.  Não se sabe ao certo o que levou Al-Batouti a realizar esta ação, mas as investigações mostraram que foi ela a causa inicial do acidente.
  • 4. O voo 630 da Royal Air Maroc

    4 /7(Reprodução/Facebook)

    A aeronave decolou em 21 de agosto de 1994 de Agadir, no Marrocos, com destino a Casablanca. Cerca de dez minutos depois, se chocou contra uma cadeia montanhosa matando 44 pessoas. De acordo com a ASN, o piloto Younes Khayati teria deliberadamente desligado o piloto automático e direcionado a aeronave para o solo. A tese defendida por investigadores é contestada pela companhia aérea, que diz que ele não apresentava sinais de insatisfação ou frustração em sua vida.  Nesta imagem de divulgação, uma aeronave da Royal Air Maroc é vista em um aeroporto.
  • 5. O acidente com o ATR-42 da Air Botswana

    5 /7(Louisdefune/WikimediaCommons)

    O episódio aconteceu em 11 de outubro de 1999 em Gaborone, Botswana. Naquela manhã, o piloto embarcou só e decolou. Aos controladores aéreos, disse que desejava falar com várias pessoas, entre as quais o presidente do país e sua própria namorada. Depois de voar por duas horas, direcionou o avião ao solo, se chocando contra outros dois aviões que estavam na pista. Na época, ele estava afastado de suas funções por razões médicas e havia sido reprovado em testes psicológicos. Na imagem, um avião similar ao que se envolveu no acidente.
  • 6. O suicídio de um piloto russo

    6 /7(FlightG N Falcon/WikimediaCommons)

    Em 26 de setembro de 1976, um piloto russo decolou sem permissão do aeroporto de Novosibirsk-Severny, na Rússia, e jogou a aeronave contra o prédio no qual vivia sua ex-mulher. Ao todo, 12 pessoas morreram, com exceção da mulher. Na imagem, o aeroporto de onde decolou o piloto.
  • 7. Agora veja cenas da tragédia da Germanwings

    7 /7(Getty Images)

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