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ICAN recebe Nobel da Paz e faz alerta sobre a crise norte-coreana

"Observamos agora uma situação extremamente perigosa que deixa muitas pessoas em situação delicada", afirmou a diretora da ICAN, Beatrice Fihn

Diretora-executiva da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares  (Ican), Beatrice Fihn, reage após receber prêmio Nobel da Paz, em Genebra, na Suíça (Denis Balibouse/Reuters)

Diretora-executiva da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (Ican), Beatrice Fihn, reage após receber prêmio Nobel da Paz, em Genebra, na Suíça (Denis Balibouse/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de dezembro de 2017 às 13h16.

Os representantes da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) alertaram neste domingo, antes da cerimônia de entrega do Nobel da Paz em Oslo, sobre a "situação extremamente perigosa" na Coreia do Norte.

"Observamos agora uma situação extremamente perigosa que deixa muitas pessoas em situação delicada", afirmou a diretora da ICAN, Beatrice Fihn, à AFP.

"Mas se vocês estão preocupados com a ideia de que Donald Trump ou Kim Jong-Un tenham armas nucleares, estarão provavelmente preocupados com a própria existência das armas nucleares", disse, em referência aos governantes americano e norte-coreano.

"São seres humanos que têm o poder de acabar com o mundo. Ninguém deveria ter o poder de fazer isto", completou Fihn.

A entrega do Nobel acontece em um momento de tensão na península coreana, o que alimenta os temores de uma guerra. Pyongyang multiplicou nos últimos meses os testes nucleares e lançamentos de mísseis. Kim Jong-Un e Donald Trump trocaram ofensas e ameaças. O americano ordenou manobras militares na região.

A ICAN, que reúne quase 500 ONGs em mais de 100 países, alerta há vários anos para o perigo das armas nucleares. A campanha conquistou uma grande vitória em julho, quando a ONU aprovou um novo tratado que as proíbe.

O documento, aprovado por 122 países, apesar da oposição das nove potências nucleares, pode demorar anos para entrar em vigor, pois precisa ser ratificado por pelo menos 50 signatários.

Até o momento apenas três países - Santa Sé, Guiana e Tailândia - ratificaram o tratado.

Em sinal de aparente desconfiança, as potências nucleares ocidentais (Estados Unidos, França, Reino Unido) não enviaram - ao contrário do que é habitual - seus embaixadores à cerimônia do Nobel, e sim diplomatas de segundo escalão.

Mas a cerimônia na prefeitura de Oslo conta com a presença de sobreviventes dos bombardeios americanos a Hiroshima e Nagasaki, que deixaram 220.000 mortos há 72 anos.

Uma delas, Setsuko Thurlow, recebe o Nobel em nome da ICAN ao lado de Fihn.

Satsuko Thurlow tinha 13 anos quando a bomba A explodiu em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945.

"Foi o inferno na Terra", disse a sobrevivente, de 85 anos e que mora no Canadá, à AFP.

Apesar da redução do número de ogivas nucleares no planeta desde o fim da Guerra Fria, atualmente existem 15.000 armas do tipo e cada vez mais países possuem o armamento.

"Cada um de nós deveria estudar o que são as armas nucleares, como destroem nossas vidas. Merecemos uma vida melhor", disse Thurlow.

Os demais prêmios Nobel (Literatura, Física, Química, Medicina e Economia) serão entregues em Estocolmo.

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