Filho de Biden é condenado por porte ilegal de arma
Hunter Biden foi acusado de comprar e manter arma em sua posse quando era usuário de drogas, violando a lei federal; presidente dos EUA pode perdoá-lo, mas disse que não o fará
Publicado em 11 de junho de 2024 às 12h31.
Última atualização em 11 de junho de 2024 às 14h40.
Hunter Biden , filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi condenado em um júri nesta terça-feira, 11. Ele foi condenado em todas as três acusações federais pelos crimes de compra e porte de arma que ele enfrentou, concluindo que ele violou leis federais destinadas a impedir que viciados em drogas possuam armas de fogo.
A sua sentença será deliberada posteriormente pela juíza à frente do caso, e pode chegar a até 25 anos de prisão e US$ 750 mil em multas.
Hunter Biden, de 54 anos, é acusado de declarar falsamente, ao adquirir um revólver calibre 38 em 2018, que não estava usando drogas ilícitas, sendo que ele disse depois que, naquele período, estava usando substâncias ilícitas.
A sentença ainda será definida pela juíza Maryellen Noreika. Logo após o veredicto, ela afirmou que irá divulgá-la dentro de 120 dias, isto é, até meados de outubro. Com isso, Hunter poderia ser preso semanas antes da eleição presidencial. A pena máxima pode alcançar 25 anos de cárcere e US$ 750 mil em multas. No entanto, como ele é réu primário e o crime é de menor potencial ofensivo, é improvável que chegue a tanto.
A defesa de Hunter ainda pode recorrer ao veredicto desta terça-feira. Em comunicado, sua advogada afirmou que continuaria “correndo atrás de todos os desafios legais disponíveis" para ele.
O julgamento ocorre em plena campanha de Joe Biden na busca pela reeleição e menos de duas semanas após a condenação por fraude contábil de Donald Trump, o provável candidato presidencial republicano em novembro.
Por se tratar de um crime na esfera federal, Biden poderia perdoá-lo ou comutar a sua sentença, poupando-a de cumpri-la. Porém, o democrata afirmou que não anistiará o filho. "Aceitarei o resultado deste caso e continuarei a respeitar o processo judicial enquanto a Hunter considera uma apelação".
Biden também lembrou nesta terça-feira que, além de presidente, "também é pai":
"Como eu disse na semana passada, sou o presidente, mas também sou pai. Jill e eu amamos nosso filho e estamos muito orgulhosos do homem que ele é hoje", afirmou o presidente americano. "Muitas famílias que tiveram entes queridos lutando contra o vício entendem o sentimento de orgulho de ver alguém que você ama sair do outro lado e ser tão forte e resiliente na recuperação".
Hunter também comentou a condenação, afirmando estar "desapontado com o resultado", mas "grato pelo amor e apoio". "A recuperação é possível pela graça de Deus, e sou abençoado por experimentar essa dádiva um dia de cada vez", disse em comunicado.
Entenda o caso
Hunter Biden, 54 anos, era alvo de três acusações federais pela suposta compra e posse ilegal de uma arma quando era viciado em drogas. Duas das acusações se centraram no preenchimento de um formulário no momento da compra. A promotoria acusou Hunter de mentir nos documentos ao marcar "não" para a pergunta "você é um usuário ilegal ou viciado em drogas?" Já a terceira se trata da posse da arma, que ficou com o filho de presidente durante 11 dias em outubro de 2018, antes de ser descartada pela sua então namorada, que alegou em testemunho que estava preocupada com estado psicológico de Hunter.
Apesar de ter falado abertamente sobre a sua luta contra o crack e o álcool — incluindo em um livro de memórias publicado em 2021, que foi usado como prova pelos promotores —, Hunter alegou sua inocência perante a corte. Ele se defendeu dizendo que, na época em que estava com a arma, não estava consumindo crack ou outras drogas. No ano passado, ele afirmou estar sóbrio desde maio de 2019.
Durante a argumentação final na segunda-feira, os promotores afirmaram que Hunter "sabia que usava crack e era viciado" quando respondeu ao formulário, não sendo necessárias evidências de que ele teria consumido em um dia específico — um dos elementos mais difíceis de provar no processo. Para sustentar sua tese, a acusação mostrou trocas de mensagens do filho do presidente com traficantes quando estava em posse da arma e destacou depoimentos de ex-parceiras que confirmaram a sua luta contra o vício ao longo dos anos.
"Talvez se ele nunca tivesse ido para a reabilitação... ele poderia argumentar que não sabia que era um viciado", argumentou o promotor Leo Wise.
A defesa de Hunter destacou que não havia provas de que ele tinha consciência de que estava violando a lei, uma vez que a pergunta no formulário era feita no tempo presente, portanto, ele teria respondido como se sentia em relação ao vício na época. O advogado Abbe Lowell também apontou o testemunho do vendedor de armas que o filho do presidente não parecia alterado no momento da compra, e argumentou que nenhum depoimento citava que ele havia feito "uso real de drogas" no mês em que esteve com o objeto.
Segundo julgamento à vista
Hunter Biden ainda deve encarar a Justiça novamente em setembro — dois meses antes do pleito — para um segundo julgamento, dessa vez em Los Angeles, no qual é acusado de sonegação de impostos, evasão fiscal e fraude na declaração do imposto de renda. O caso pode ser ainda mais constrangedor para a família, pois envolve relações obscuras de Hunter com negócios no exterior, ameaçando expor detalhes de um estilo de vida luxuoso em que os laços sanguíneos com o presidente teriam sido usados em seu benefício.
Desde que ambas as denúncias foram feitas, no ano passado, o presidente americano evitou tecer comentários sobre os casos. No ano passado, o democrata disse que o filho "não fez nada de errado" ao ser questionado sobre as investigações em uma entrevista à MSNBC.
Após o veredicto, a campanha do ex-presidente Donald Trump, rival de Biden na corrida pela Casa Branca, disse que o julgamento desta terça-feira é uma "distração dos verdadeiros crimes" da família, fazendo referência ao caso que será analisado pela Justiça em setembro.
"Esse julgamento não passou de uma distração dos verdadeiros crimes da família criminosa Biden, que arrecadou dezenas de milhões de dólares da China, Rússia e Ucrânia ", afirmou a declaração. "O reinado do corrupto Joe Biden sobre o império criminoso da família Biden está chegando ao fim em 5 de novembro, e nunca mais um Biden venderá acesso ao governo para obter lucro pessoal."
Apesar do ataque, a equipe desejou a Hunter "o melhor em sua recuperação e em seus assuntos legais". Os republicanos, que defendem a política armamentista americana, tem evitado usar o caso desta terça politicamente.
O vício em drogas e álcool também é um tópico sensível para Trump, que perdeu o irmão Fred Trump Jr. em 1981 para o alcoolismo. Desde então, o ex-presidente não consome bebidas alcoolicas. Quando questionado sobre o julgamento de Hunter na semana passada, o magnata disse que se sentia mal pela família e lembrou de Fred.
(Com informações de O Globo)