Mundo

Humanidade entra em dívida ecológica

Em dez meses, já devoramos mais recursos naturais do que o planeta pode repor em um ano

Em 2030, serão precisos dois planetas para suprir as necessidades e o consumo da população (Getty Images/Getty Images)

Em 2030, serão precisos dois planetas para suprir as necessidades e o consumo da população (Getty Images/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 20 de agosto de 2013 às 11h20.

São Paulo – Até o final desta terça, a humanidade terá superado o orçamento da natureza para o ano, passando a operar no cheque especial, segundo dados da Global Footprint Network, uma organização de pesquisa que mede a pegada ecológica do homem no planeta.

Depois de esgotar, em menos de 10 meses, todos os recursos que a natureza é capaz de oferecer de forma sustentável no período de um ano - desde a filtragem de CO2 até a produção de matérias-primas para a alimentação -, passaremos o resto do ano no vermelho.

"Isso é como gastar o seu salário anual três meses antes e comer durante os meses seguintes a base do cheque especial, ano após ano. É um ciclo vicioso”, afirma em nota o presidente da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel.

A diferença entre a capacidade de regeneração do planeta e o consumo humano gera um saldo ecológico negativo que vem se acumulando desde a década de 80, também estimulado pelo crescimento populacional - em outubro, seremos 7 bilhões de habitantes. Hoje, consumimos entre 1,3 e 1,5 planetas por ano, de acordo com a instituição. Neste ritmo alucinante, a humanidade vai precisar de dois planetas por ano a partir de 2030 para suprir suas necessidades.

“Se quisermos manter sociedades estáveis e viver bem, não podemos mais sustentar um déficit orçamentário crescente entre o que a natureza é capaz de fornecer e o quanto nossa infraestrutura, economias e estilos de vida exigem”, alerta Wackernagel.

Para equilibrar as contas, precisaríamos reduzir o consumo em 33% nos próximos vinte anos. Enquanto isso não acontece, o planeta cobra os "juros". Em termos planetários, os resultados dos nossos gastos ecológicos excessivos estão se tornando mais claro a cada dia - sob a forma de perda de bens e serviços ambientais. O desequilíbrio climático é sem dúvida o resultado mais óbvio e urgente, diz o estudo. Mas há outros, como a redução das florestas, perda de espécies e de água doce.

Acompanhe tudo sobre:bens-de-consumoCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoIndústriaMeio ambienteSustentabilidade

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal