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Hospital é bombardeado em Donetsk; UE pede trégua

Bombardeios atingiram um hospital em Donetsk, reduto separatista pró-russo no leste da Ucrânia, no momento em que a UE exige um cessar-fogo para resgatar civis

Rebelde pró-Rússia anda pelo Hospital Tekstilshik bombardeado, em Donetsk, Ucrânia (Dominique Faget/AFP)
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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 15h31.

Donetsk - Bombardeios atingiram nesta quarta-feira um hospital em Donetsk, reduto separatista pró-russo no leste da Ucrânia , matando pelo menos quatro civis, no momento em que a UE exige um cessar-fogo imediato para que os civis possam fugir dos combates.

As vítimas foram atingidas por tiros de morteiros no hospital Nº 27, de acordo com moradores. O Ministério Público ucraniano atribuiu a responsabilidade por estes "atos terroristas" aos rebeldes, e indicou que o número de vítimas pode chegar a dez mortos.

No total, o número de pessoas mortas nas últimas 24 horas em combates, cada vez mais intensos no leste da Ucrânia, chega a 12, incluindo oito civis e quatro soldados ucranianos.

Um jornalista da AFP viu três corpos em frente ao hospital Nº 27, cujas janelas foram destruídas pelas explosões, enquanto outros dois cadáveres estavam deitados diante de um prédio residencial igualmente atingido, perto do estabelecimento médico.

Enquanto isso, os separatistas continuam sua ofensiva em Debaltseve, uma cidade estratégica localizada 50 quilômetros ao noroeste de Donetsk, ainda sob o controle do exército ucraniano, mas ameaçada de cerco.

"Os bombardeios são constantes. Estamos tentando levar medicamentos e resgatar os civis, mas isso é feito sob o fogo do inimigo", declarou à AFP Ilia Kiva, funcionária do ministério do Interior da Ucrânia na região de Donetsk.

Diante de uma situação que piora rapidamente para os civis, Federica Mogherini, a chefe da diplomacia da UE, pediu nesta quarta-feira uma trégua imediata.

"Os civis devem poder deixar a zona de conflito de maneira segura", afirmou Mogherini em um comunicado.

Para isso, pediu que se instaure uma trégua local temporária, de um mínimo de três dias, em torno da área de Debaltseve, onde ocorrem intensos combates.

Os rebeldes tentam cercar as forças leais a Kiev entrincheiradas em Debaltseve, um importante nó ferroviário que conecta as capitais separatistas de Donetsk e Lugansk.

Em poucos dias a população se reduziu de 25.000 a 7.000 habitantes, segundo a Anistia Internacional.

França não enviará armas a Kiev

Duelos de artilharia opõem a cada dia o exército ucraniano e os rebeldes ao longo da linha de frente, fazendo dezenas de vítimas civis. No total, o conflito já deixou mais de 5.300 mortos em 10 meses, de acordo com a ONU.

O presidente do "Parlamento" da República Popular de Donetsk (DNR), Andrey Purguin, declarou ter assinado documentos para a abertura de um corredor humanitário a fim de permitir a retirada de civis, mas a sua implementação é difícil.

O Papa Francisco denunciou o "escândalo" de uma "guerra entre cristãos", pedindo que "a horrível violência fratricida" cesse.

Neste contexto, Kiev espera impaciente a visita na quinta-feira do secretário de Estado americano, John Kerry. Segundo a imprensa americana, o presidente Barack Obama planeja fornecer armas à Ucrânia, o que até então era negado.

"O que precisamos são instrumentos de comunicação, de interferência eletrônica ou radares. Estes são os equipamentos necessários para um exército moderno", ressaltou o chefe da diplomacia ucraniana, Pavlo Klimkin.

Na terça-feira, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou durante uma visita à cidade de Kharkiv, perto da zona de combates, que não tinha dúvidas sobre a entrega de armas por parte dos Estados Unidos à Ucrânia.

Neste contexto, o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, disse nesta quarta-feira que a França "não tem a intenção de fornecer armas letais, atualmente", ao governo ucraniano.

A posição da Rússia, acusada pelo Ocidente e Kiev de apoiar militarmente os separatistas ucranianos, "não é aceitável, dizemos isso firmemente, e vamos continuar com as sanções a esse respeito", acrescentou Le Drian, ressaltando a necessidade de "encontrar uma solução política para o conflito."

A semana promete ser crucial para Kiev: imediatamente após a visita à capital ucraniana de John Kerry, este viajará na companhia do presidente da Ucrânia Petro Poroshenko a Munique para uma conferência internacional sobre segurança.

Os dois homens vão se reunir com a chanceler alemã Angela Merkel e o vice-presidente americano, Joe Biden, segundo Klimkin.

Merkel partirá, em seguida, para Washington para "definir uma linha política clara com Barack Obama" antes de uma reunião de chefes de Estado europeus, a ser realizada em Bruxelas, em 12 de fevereiro.

São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
  • 2. Pelo chão

    2 /13(Getty Images)

  • Veja também

    As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
  • 3. Memória saqueada

    3 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

  • Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
  • 4. Sem destino

    4 /13(Brendan Hoffman / Getty Images)

    Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
  • 5. Caixa-preta

    5 /13(Getty Images)

    O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos.  Os rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
  • 6. Represália Europeia

    6 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

    De acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
  • 7. Maioria holandesa

    7 /13(Graham Denholm / Getty Images)

    A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
  • 8. Domingo de homenagem

    8 /13(Christopher Furlong / Getty Images)

    Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
  • 9. Em busca da cura

    9 /13(Graham Denholm / Getty Images)

    Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
  • 10. EUA diz que sabe

    10 /13(gett)

    Os Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
  • 11. Artigo editado

    11 /13(Getty Images)

    O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia, editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
  • 12. Duas tragédias no ano

    12 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

    Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
  • 13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos

    13 /13(Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)

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