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Hortas escolares contra a comida pouco saudável nas Filipinas

Governo quer limitar redes de fast-food que se proliferam pelo país

Filipinos se alimentam em Agusan del Sur: pobres estão se tornando obesos no país (Jeoffrey Maitem/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2011 às 07h40.

Manila - As Filipinas querem mudar os maus hábitos alimentares de suas crianças loucas por hambúrgueres a golpe de enxada, com um programa que transforma os pátios escolares em hortas.

As autoridades querem afastar os pequenos das redes de fast-food que se proliferam por um país onde cada vez mais os pobres estão obesos porque um frango frito custa menos que uma verdura fresca no mercado.

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Em uma estufa de um colégio nos arredores de Manila, uma dezena de crianças de 11 anos mexe na terra com certo alvoroço sob a supervisão do professor de agricultura.

A época da colheita terminou há pouco tempo e agora mal brotam da terra minúsculas folhas das novas sementes que, dentro de algumas semanas, se transformarão em tomates, beringelas, alfaces, cogumelos, abobrinha, repolho e coentro, que os alunos levarão para a casa.

"Acho que as crianças gostam de cultivar, encontram formas de brincar enquanto realizam esta tarefa, mas tenho que vigiá-los de perto porque manejam uma pequena enxada e outros instrumentos, e podem se machucar. Uma vez uma criança bateu por acidente em outra", explica o professor, Romeo Macabulus.

Embora a maioria dos pais também estejam encantados com a iniciativa, porque recebem alimentos de graça, Macabulus admite que alguns protestaram porque seus filhos saem do colégio mais sujos que o normal.

Este programa experimental implementado pelo Governo filipino em alguns colégios em 2010 pretende melhorar a dieta dos alunos e limitar o consumo de fast-food, muito popular no arquipélago pela forte influência dos Estados Unidos.


"Controlamos a estatura e o peso das crianças todos os meses. Do programa participam só os maiores, entre 10 e 12 anos, mas também damos verduras a outros mais novos que estão desnutridos por pertencer a famílias mais pobres", indica o diretor, Angelito Maniego.

Além da estufa em pleno pátio, os espaços próximos às salas de aula também estão ocupados por outras mini-hortas que as crianças cuidam duas vezes ao dia.

"Quando iniciamos o programa plantamos em todos os lugares livres que encontramos no colégio", afirma o responsável do centro, onde as crianças colocaram sementes dentro de latas de refrescos vazias e garrafas de plástico onde o solo não dá frutos.

Maniego ressalta que a agricultura é mais uma disciplina na qual os alunos são avaliados em função da qualidade da colheita.

O Ministério da Agricultura das Filipinas selecionou este e outros colégios de todo o país para o programa, fornecendo a pequena estufa e algumas sementes, uma ajuda que não cobre todas as despesas acarretadas pelo experimento.

"É bastante custoso manter a estufa e as outras hortas, por isso ficamos com 20% da colheita para replantar as hortaliças e evitar comprar sementes", aponta Maniego.

Um relatório governamental recente alerta que um terço das crianças em idade escolar sofre desnutrição crônica, um mal que se reflete sobretudo na carência de vitamina A e em problemas de crescimento.

A isto se une a forte presença de várias redes de fast-food das quais os filipinos são fãs e que favoreceram a obesidade e doenças, como diabetes e problemas cardíacos.

Outro estudo de 2009 revela que 27% dos adultos têm sobrepeso e 25% hipertensão, um dado que, segundo alguns especialistas, é mais alto na realidade já que muitos não sabem que sofrem destes problemas.

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