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Honduras pede prisão de ex-presidente após perdão de Trump

Juan Orlando Hernández é acusado de lavagem e fraude ligadas à campanha de 2013; Procuradoria-Geral de Honduras emitiu um mandado de prisão internacional

Juan Orlando Hernández: ex presidente de Honduras foi extraditado para os EUA após acusações de contrabando em abril de 2022. (Jorge Cabrera/Getty Images)

Juan Orlando Hernández: ex presidente de Honduras foi extraditado para os EUA após acusações de contrabando em abril de 2022. (Jorge Cabrera/Getty Images)

Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 10h21.

A Procuradoria-Geral de Honduras emitiu um mandado de prisão internacional contra o ex-presidente Juan Orlando Hernández, libertado nos Estados Unidos após perdão concedido por Donald Trump.

O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira, 9, pelo procurador-geral Johel Antonio Zelaya Alvarez, que solicitou à Interpol e ao governo hondurenho a execução imediata do mandado.

“Fomos feridos pelos tentáculos da corrupção e pelas redes criminosas que marcaram profundamente a vida do nosso país”, afirmou Zelaya em publicação no X (antigo Twitter), ao citar o avanço de investigações sobre a campanha presidencial de Hernández em 2013.

As acusações têm origem no chamado Caso Pandora, envolvendo desvio de recursos públicos entre 2010 e 2013 para financiar campanhas eleitorais, por meio de fundações privadas ligadas a legisladores e aliados do então presidente.

Perdão de Trump não impede novo mandado em Honduras

Juan Orlando Hernández foi condenado a 45 anos de prisão por tráfico de drogas e armas nos Estados Unidos e cumpria pena em uma penitenciária federal na Virgínia Ocidental até ser libertado, na semana passada, por decisão de Trump.

O perdão, oficializado em 1º de dezembro, ocorreu após Hernández enviar uma carta ao ex-presidente norte-americano em que se dizia vítima de “perseguição política” pela administração Biden, comparando seu destino ao do próprio Trump.

Segundo o Ministério Público de Honduras, o mandado internacional já estava previsto em documento de 28 de novembro — mesmo dia em que Trump mencionou publicamente a intenção de perdoá-lo — e inclui solicitação para que a Interpol realize “prisão imediata”, mesmo em caso de libertação pelas autoridades americanas.

O paradeiro atual de Hernández é incerto. Ele não aparece publicamente desde que deixou a prisão nos EUA, e nem a Interpol nem o governo hondurenho confirmaram sua localização.

Disputa política e interferência internacional

A defesa de Hernández classificou o mandado como “manobra estritamente política” do partido no poder, o Libre. O procurador-geral Johel Zelaya foi indicado pela legenda, adversária histórica de Hernández e atualmente atrás nas pesquisas eleitorais.

Durante seu julgamento nos EUA, promotores afirmaram que o ex-presidente recebeu milhões de dólares em propinas de narcotraficantes, incluindo US$ 1 milhão de Joaquín “El Chapo” Guzmán, líder do cartel de Sinaloa. Ele também teria protegido organizações criminosas em troca de apoio político.

Hernández nega as acusações. Donald Trump, ao justificar o perdão, afirmou que a condenação foi uma “armação” do governo Biden. “Basicamente disseram que ele era um traficante de drogas porque era presidente. Eu olhei os fatos e concordei com eles”, declarou a jornalistas.

A causa de Hernández passou a ser defendida por nomes próximos a Trump, como o operador político Roger Stone, que ajudou a entregar a carta do ex-presidente hondurenho. Stone também assessora um dos candidatos da eleição presidencial de Honduras, Nasry Asfura, do mesmo partido de Hernández — e que recebeu apoio público de Trump.

*Com informações do O Globo

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