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Homem que atacou polícia planejava suicídio por assumir-se gay, diz esposa

A esposa explicou que ele havia manifestado sua homossexualidade e que estava transtornado porque isso não se encaixava com a religião muçulmana

Catalunha: a polícia indicou que não são observados indícios jihadistas por parte do indivíduo, informou uma fonte da investigação (Jon Nazca/Reuters)

Catalunha: a polícia indicou que não são observados indícios jihadistas por parte do indivíduo, informou uma fonte da investigação (Jon Nazca/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 11h29.

O homem abatido quando tentou atacar uma delegacia na Catalunha havia confessado ser homossexual meses antes e queria se suicidar, declarou sua ex-mulher à polícia.

O argelino de 29 anos, chamado Abdelouahab Taib, invocou o nome de Alá durante o ataque na madrugada de segunda-feira a uma delegacia da localidade de Cornellá de Llobregat, na região espanhola da Catalunha, que as autoridades definiram como um atentado terrorista.

Mas, depois de interrogar a ex-esposa do criminoso, uma espanhola que se converteu ao Islã depois de conhecer o marido, a polícia indicou que não são observados indícios jihadistas por parte do indivíduo, informou uma fonte da investigação.

No momento, a investigação aponta para uma tentativa de suicídio, acrescentou.

"A esposa explicou que ele havia manifestado sua homossexualidade e que estava transtornado porque isso não se encaixava com a religião muçulmana", explicou ainda.

O advogado da mulher, David Martínez, explicou à imprensa que o casal já estava divorciado e descartou totalmente uma motivação terrorista.

A Audiência Nacional, jurisdição especializada em questões de terrorismo, assumiu a investigação e decretou sigilo do processo.

Oficialmente, as autoridades regionais continuam tratando os fatos como um ataque terrorista.

O homem, armado com uma faca, foi abatido na manhã de segunda-feira ao invadir a delegacia de Cornellá de Llobregat gritando 'Alá é grande'.

O argelino chegou à delegacia por volta das 05h45 locais. Como a porta estava fechada, tocou o interfone insistentemente porque dizia querer fazer uma consulta.

Ao entrar, demonstrou uma "vontade claramente homicida" contra uma agente - que atirou contra ele a fim de salvar a própria vida", afirmaram os policiais.

O homem morava a centenas de metros da delegacia. Durante quase oito horas, os agentes registraram seu domicílio, mas não encontraram nem armas nem explosivos.

Tampouco encontraram indícios sobre uma possível radicalização, disse a polícia, acrescentando que devem analisar o abundante material informático apreendido na casa.

Uma vizinha dele, Conchi García, contou que o homem se mudou há dois anos e vivia com a esposa e duas filhas.

O fato aconteceu poucos dias depois de a Catalunha recordar o primeiro aniversário dos atentados jihadistas de Barcelona e Cambrils, que deixaram 16 mortos.

O ministério do Interior anunciou que mantinha o alerta terrorista no nível 4 de 5, vigente desde 2015.

Foco Catalunha

As autoridades da luta antiterrorista e especialistas no tema situam a Catalunha como um dos principais focos de risco jihadista na Espanha.

Um estudo do Real Instituto Elcano, de 2016, já colocava a região como "o primeiro cenário da mobilização promovida na Espanha pelo Estado Islâmico" e dizia que a maioria das prisões de pessoas suspeitas de jihadismo procediam dessa região.

O primeiro detido na Espanha por extremismo islamita, um membro do Grupo Islâmico Armado da Argélia, foi descoberto na Catalunha, em 1995.

E Mohammed Atta, um dos pilotos que chocou um avião comercial contras Torres Gêmeas de Nova York em 11 de setembro de 2001, passou um período na Catalunha antes dos ataques.

Estos temores se confirmaram na tarde de 17 de agosto de 2017 quando um veículo conduzido por um jovem marroquino atropelou intencionalmente inúmeros pedestres em Las Ramblas, uma área turística de Barcelona.

Horas depois, cinco cúmplices mataram uma mulher em outro atentado na cidade costeira de Cambrils (120 km a sudoeste), no qual atropelaram e esfaquearam várias pessoas.

Antes esse duplo atentado reivindicado pelo Estado Islâmico, a Espanha sofreu o atentado jihadista mais mortífero da União Europeia, em 11 de março de 2004, quando varias bombas colocadas em trens em Madri causaram 191 vítimas fatais.

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