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Homem-forte no país desde 2003, Erdogan quer criar "uma nova Turquia"

Presidente pretende se manter no cargo nas eleições presidenciais deste domingo e receber apoio que lhe dará poder quase absoluto para moldar país

Tayyip Erdogan: pesquisas apontam que ele terá cerca de 50% dos votos no primeiro turno (Alkis Konstantinidis/Reuters)
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EFE

Publicado em 22 de junho de 2018 às 16h22.

Última atualização em 22 de junho de 2018 às 18h17.

Istambul - O atual presidente da Turquia , Recep Tayyip Erdogan, não é apenas o homem com a visão política mais ambiciosa desde que Mustafa Kemal Atatürk fundou a república, em 1923, mas também é a pessoa que mais acumulou poder para colocá-la em prática.

Nascido em Istambul em 1954 em uma família de classe média oriunda dos montes do Mar Negro, Erdogan pretende não só se manter no cargo que ocupa desde 2014 nas eleições presidenciais deste domingo, mas também receber o apoio que lhe dará um poder quase absoluto para moldar o país segundo seus ideais.

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Durante 11 anos, entre 2003 e 2014, Erdogan foi primeiro-ministro, sempre com maiorias absolutas. Depois, passou para o cargo de presidente, que, teoricamente, seria apenas representativo. Porém, o líder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco) continuou controlando a política no país nos últimos quatro anos.

Erdogan foi o primeiro presidente eleito nas urnas em 2014, e não no parlamento, graças a uma reforma que ele mesmo promoveu no governo, e quer renovar seu mandato neste domingo.

No ano passado, Erdogan ganhou um referendo constitucional que eliminou o cargo do primeiro-ministro e transferiu todo o Poder Executivo ao presidente, um passo que foi duramente criticado pela oposição, que vê o mesmo como uma forma de transformar a Turquia em um Estado de um homem só.

Erdogan argumentou que se libertar das amarras do parlamento era necessário para poder criar uma "nova Turquia".

O atual presidente sonha com o país como uma "potência econômica mundial", piedosa, baseada na identidade islâmica e referência do mundo muçulmano, uma ruptura profunda com os ideais laicos de Atatürk.

O apoio popular do qual goza Erdogan se deve a uma imagem trabalhada durante anos, primeiro como devoto islamita, e depois como o reformador que soube combinar a ideologia conservadora e religiosa com uma abertura democrática e, sobretudo, econômica.

Sua gestão bem-sucedida como prefeito de Istambul (1994-1998) foi o trampolim para chegar ao cargo de primeiro-ministro em 2002 e impulsionar privatizações e a dinamização da economia turca.

As mudanças econômicas chegaram junto com melhorias sociais, como a ampliação da cobertura de saúde pública, o que lhe proporcionou a gratidão das classes mais humildes e a simpatia dos mercados internacionais.

Seu estilo conservador se reflete também em sua vida pessoal: Erdogan se casou aos 24 anos com Emine Gülbaran, que é um ano mais nova que ele, e teve dois filhos e duas filhas com ela.

Uma de suas filhas está casada com um homem de negócios, que foi nomeado como ministro de Energia em 2015.

Nos mais de 15 anos em que está no poder, Erdogan veio projetando um estilo de governo cada vez mais autoritário, marginalizando a equipe de fundadores do AKP, que o cercava até então, e alavancando sua imagem com a atitude de homem forte e, inclusive, de herói solitário.

As pesquisas apontam que ele terá cerca de 50% dos votos no primeiro turno, um resultado não muito diferente do obtido em 2014, mas que pode significar a disputa de um segundo turno, provavelmente contra Muharrem Ince, o candidato do partido social-democrata CHP.

As eleições refletirão assim uma realidade que há alguns anos vem se perfilando na Turquia: a diferença ideológica principal é ser a favor ou contra Erdogan.

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