Muitos analistas consideram que somente uma vitória no próximo domingo poderia reverter a situação Sarkozy (Jeff Pachoud/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2012 às 16h28.
Paris - A campanha eleitoral para o primeiro turno das eleições presidenciais francesas foi encerrada nesta sexta-feira com o candidato socialista François Hollande favorito em todas as pesquisas e na frente de Nicolas Sarkozy, que, por sua vez, voltou a comparar seu adversário com o ex-presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.
O atual presidente e candidato à reeleição, que registrou uma notável queda nas pesquisas eleitorais nas últimas semanas, tratou de manter a esperança de seus partidários na conclusão de sua campanha com um último comício realizado em Nice, situada na região sudeste do país.
"Chegou o momento da verdade. Até agora eram nove contra mim. Agora, vamos poder debater mais livremente", declarou Sarkozy, que acusou os veículos de comunicação públicos de "não fazer uma campanha justa".
Sarkozy, por sua vez, tratou de associar a imagem do candidato socialista com a imagem de Zapatero, que, segundo ele, não tomou as decisões necessárias e deixou seu país à beira de uma grande crise.
"Em 2007, Zapatero era referência de minha rival (Ségolène Royal) e foi o único líder europeu que recebeu Hollande. Por que agora Zapatero desapareceu das referências do candidato socialista?", questionou o presidente francês.
Em uma tentativa de desmoralizar seu adversário, Sarkozy afirmou em uma entrevista ao jornal "Le Figaro" que "Hollande será o refém de (Jean-Luc) Melenchon e de (Eva) Joly", em alusão ao candidato da Frente de Esquerda e a ecologista franco-norueguesa.
No final de seu mandato, Sarkozy ainda alertou sobre o risco que vive França caso o programa socialista seja aplicado. "No momento em que aliviamos a pressão sobre a redução de déficit e do endividamento, a França poderá passar pelos mesmos problemas que a Espanha".
Hollande, que tinha encerrado sua campanha eleitoral na noite da última quinta em Bordeaux, seguiu atendendo as solicitações de entrevistas da imprensa francesa com o objetivo de mobilizar seus partidários e evitar que o excesso de confiança possa reviver seu oponente.
"Tenho confiança porque sinto o movimento ao meu redor há vários meses, mas o resultado só será definido no final. É preciso trabalhar até o final", alertou Hollande.
O que parece claro, segundo as pesquisas, é que Hollande e Sarkozy deverão travar uma disputa ainda mais acirrada no segundo turno, enquanto a ultradireitista Marine Le Pen e o candidato da extrema esquerda Mélenchon disputam a terceira posição.
Esses dois candidatos e o centrista François Bayrou, quinto colocado em todas as pesquisas, serão elementos decisivos no segundo turno, já que os mesmos podem apoiar os candidatos que disputarão o segundo no próximo dia 6 de maio.
Nas pesquisas eleitorais que focam o segundo turno, Sarkozy aparece entre seis e 14 pontos abaixo de Hollande. A imprensa francesa, os institutos de pesquisas e, inclusive, a classe política do país já parece cultivar a ideia de que a vitória de Hollande está mais que encaminhada.
Muitos analistas consideram que somente uma vitória no próximo domingo poderia reverter a situação Sarkozy, que poderia se reafirmar sobre essa ascensão do candidato socialista.
No entanto, só uma pesquisa aponta a vitória de Sarkozy no primeiro turno, por apenas um ponto, e nenhuma no segundo, enquetes que só serão confirmadas após o fechamento das urnas no próximo domingo.
A Comissão de Pesquisas alertou nesta sexta a imprensa francesa e os institutos de opinião da obrigação de manter "secretos" os resultados das enquetes até o fechamento dos últimos colégios eleitorais, às 15h horas (horário de Brasília), do domingo.
Com esta afirmação, o órgão também tentou escapar da polêmica gerada por alguns veículos de comunicação, que afirmaram que poderiam publicar os resultados das enquetes através das redes sociais.
A imprensa francesa não pode publicar as pesquisas até o fechamento das urnas, mas podem divulgar esses mesmos resultados em sites estrangeiros, que podem muito bem informar os eleitores franceses.
Diante deste fato, a imprensa belga e a suíça anunciaram que poderiam publicar os resultados da pesquisa boca de urna antes do fechamento dos colégios eleitorais.