O socialista quis afastar-se igualmente da política seguida até agora com relação ao continente africano (©AFP / Philippe Huguen)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2012 às 16h42.
Paris - As presidenciais francesas adquiriram nesta quarta-feira uma aparência mais europeia e internacional depois que o candidato socialista, François Hollande, prometesse que se vencer as eleições pedirá a revisão do pacto fiscal da União Europeia e vai retirar as tropas do Afeganistão.
Em pleno segundo turno do pleito presidencial, que será disputado em 6 de maio, Hollande, favorito como indicam as pesquisas a ocupar o Eliseu, apostou pela criação dos eurobônus para financiar "projetos industriais e infraestruturas" e por manter relações de igualdade com os Estados Unidos e China.
Sua proposta de renegociar o pacto europeu sobre disciplina orçamentária dominou grande parte da conferência organizada para explicar seu programa à imprensa, mas as relações com a África e sua firmeza frente a chanceler alemã, Angela Merkel, diminuíram também por momentos o protagonismo de temas nacionais.
Se for eleito presidente, Hollande adiantou que pretende repetir comparecimentos similares diante da imprensa a cada seis meses, e considerou como reforço de sua própria tese o fato de que o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, propusesse nesta quarta-feira um "pacto de crescimento" econômico na UE aos líderes europeus.
O dirigente socialista louvou essa postura de Draghi e, apesar de ressaltar que sua intenção não é enfrentar a chanceler alemã, Angela Merkel, deixou clara sua disposição de manter com ela diálogo "firme" e de não dissimular a divergência de opiniões.
Se os franceses confiarem, Hollande declarou que no dia seguinte ao pleito mandará um memorando aos demais chefes de Estado e do Governo da UE com suas propostas para modificar o pacto fiscal, que incluem o recurso do eurobônus para financiar "projetos industriais e infraestruturas".
A ideia de que o BCE "tenha maiores possibilidades de financiamento", de criar uma taxa sobre as transações financeiras e de mobilizar os fundos estruturais inutilizados completam os pontos desse hipotético texto, ao qual acrescentará a necessidade de um maior diálogo com essa instituição para "deter a especulação".
O líder socialista aproveitou o discurso para mostrar sua oposição a colocar na Constituição nacional a chamada "regra de ouro" sobre equilíbrio orçamentário, e lembrou sua aposta para votar "uma lei orgânica que permita uma programação das finanças públicas no marco da volta ao equilíbrio" fiscal promotor.
Mais discreto nesta quarta-feira em termos de política externa, o presidente francês e aspirante à reeleição, Nicolas Sarkozy, confirmou sua intenção de submeter a referendo antes do fim de 2012 essa regra em caso de que o Senado, de maioria socialista, se negue a votar esse projeto de lei.
As divergências entre os dois candidatos foram igualmente evidentes quando Hollande citou sua determinação em começar o processo de retirada das tropas francesas do Afeganistão desde o início de seu mandato, e que até o fim deste ano todas as unidades de combate já terão voltado. Sarkozy prevê fazê-lo em 2013.
O socialista quis afastar-se igualmente da política seguida até agora com relação ao continente africano. Sem entrar em detalhes, defendeu que é necessária "uma ruptura" das práticas mantidas entre França e esses países e de certos hábitos "que não são legais e aceitáveis".
Perguntado a respeito, expressou seu desejo de manter "relações mais equilibradas entre Europa e a China", sob o princípio da reciprocidade, e se comprometeu em trabalhar, se chegar à Presidência, para que haja uma relação de confiança com os Estados Unidos.
Os dois coincidiram apenas ao falarem que estas eleições serão "históricas", e na necessidade de que todos os franceses acudam às urnas dentro de duas semanas para respaldar seus respectivos projetos.
"Ajudem-nos como nunca", solicitou Sarkozy, enquanto Hollande lembrou que os franceses têm em suas mãos com este pleito a possibilidade de escolher ao próximo presidente, "que mudará o destino da França e da Europa".