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Hollande deixa caminho livre para esquerda francesa

A sua desistência pela reeleição de 2017, o consolida como o primeiro presidente da Quinta República a não se candidatar para um próximo mandato

Hollande: sua desistência deixa o caminho livre para o primeiro-ministro, Manuel Valls, formalizar sua candidatura (Philippe Wojazer/Reuters)
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AFP

Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 14h00.

Ao desistir de buscar a reeleição, o presidente francês, François Hollande , deixou o caminho livre para as primárias do Partido Socialista e para uma parte da esquerda, em meio a rumores de uma possível candidatura de seu primeiro-ministro, Manuel Valls.

"Sou consciente dos riscos que minha candidatura, que não reúne todos os consensos, representaria. Portanto, decidi não ser candidato à eleição presidencial", anunciou na noite de quinta-feira François Hollande, em um discurso solene no Palácio do Eliseu.

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Hollande, de 62 anos, que chegou ao poder após derrotar o conservador Nicolás Sarkozy, se converte, assim, no primeiro presidente da Quinta República a desistir de buscar a reeleição.

Todas as pesquisas apontavam que o presidente francês se encaminhava para uma derrota humilhante, com apenas 7% das intenções de voto, no primeiro turno da eleição presidencial prevista para abril de 2017, muito atrás do aspirante da direita, François Fllon, e da líder da extrema-direita Frente Nacional (FN), Marine Le Pen.

Sua desistência em buscar um segundo mandato deixa o caminho livre para o primeiro-ministro, Manuel Valls, espanhol de nascimento e naturalizado francês aos 20 anos, que pode oficializar nos próximos dias sua candidatura às primárias socialistas de 22 e 29 de janeiro.

No fim de semana passado, Valls, de 54 anos, aumentou a pressão sobre o presidente Hollande, que mantinha o suspense sobre suas intenções, anunciando que não descartava se apresentar nas eleições internas do Partido Socialista (PS).

Há algumas semanas, Valls, que provoca a rejeição de uma parte dos socialistas devido a um discurso pró-empresas e por seu caráter considerado autoritário, tenta ampliar sua base eleitoral com um discurso mais matizado.

Evitar a implosão da esquerda

Outros líderes da esquerda, como os ex-ministros Arnaud Montebourg e Benoît Hamon, que renunciaram do governo em 2014, em desacordo com a linha econômica adotada pelo executivo, anunciaram sua intenção de se apresentar às primárias socialistas.

Além disso, à margem destas primárias socialistas existem as candidaturas do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, apoiado pelo Partido Comunista, que obteve 11% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais de 2012, e de Emmanuel Macron, ex-ministro de Hollande, mais voltado ao centro.

"Como socialista, porque é o compromisso de toda a minha vida, não posso aceitar (...) a implosão da esquerda, já que eliminaria qualquer esperança de derrotar o conservadorismo e, pior ainda, o extremismo", expôs Hollande, que com sua decisão espera evitar que a esquerda perca as eleições.

Enquanto isso, diante de uma esquerda fragmentada, a direita francesa já está pronta para a batalha. Os conservadores designaram na semana passada o ex-ministro François Fillon, de 62 anos, como candidato presidencial.

Segundo as últimas pesquisas, Fillon, um conservador católico que promete reformas econômicas profundas, lideraria o primeiro turno, à frente da líder de extrema-direita Marine Le Pen, que tem grandes chances de passar ao segundo turno das presidenciais, como fez seu pai, Jean-Marie Le Pen, em 2002.

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