A pré-candidata democrata, Hillary Clinton, durante debate: “Se você é um apoiador de Hillary e estava preocupado por qualquer motivo, deve estar se sentindo muito bem consigo mesmo”, disse Rodell Mollineau (Reuters / Lucy Nicholson)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2015 às 13h52.
Washington - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se deparou com um cenário político diferente nesta quarta-feira, depois que a pré-candidata democrata Hillary Clinton reafirmou sua liderança na corrida presidencial do partido durante um debate que pode ter deixado pouca chance para que Biden entre na disputa.
Muitos analistas concordam que Hillary, de 67 anos, se mostrou desenvolta e eficiente na noite de terça-feira e talvez tenha apaziguado alguns democratas, temerosos de que a gafe com o uso de um servidor de email pessoal no exercício do cargo de secretária de Estado do presidente Barack Obama estivesse minando sua pré-candidatura.
Ao fazê-lo, ela pode ter conseguido, ao mesmo tempo, refrear os pedidos para que Biden entre na disputa e diminuir a ameaça do adversário emergente Bernie Sanders, senador de 74 anos de Vermont e autodeclarado socialista.
“Se você é um apoiador de Hillary e estava preocupado por qualquer motivo, deve estar se sentindo muito bem consigo mesmo”, disse Rodell Mollineau, estrategista democrata presente ao debate em Las Vegas. “Este é o tipo de debate que ajuda a criar ímpeto”.
Sanders, principal rival de Hillary entre os pré-candidatos declarados, recebeu dos moderadores do debate a oportunidade de atacar a concorrente na questão dos emails.
Em viz disso, ele descartou a polêmica, que tachou de trivial, arrancando aplausos da plateia e desviando o foco da maior fraqueza política de Hillary.
Para Biden, de 72 anos, que continua a ponderar uma pré-candidatura para a eleição de novembro de 2016, a noite serviu como lembrete do quão aguerrida Hillary –com a experiência de dezenas de debates em sua pré-campanha de 2008 e pelos quatro anos no Departamento de Estado– pode ser como pré-candidata.
Em alguns momentos Hillary pareceu estar sinalizando tanto para os progressistas do Partido Democrata, mais inclinados a apoiar Sanders, quanto para os moderados, que podem preferir Biden.
Ela e Sanders concordaram sobre o controle de armas, abordaram a desigualdade salarial e defenderam políticas mais liberais para licenças familiares.
Por outro lado, ela se recusou a acompanhar o ataque de Sanders aos bancos de Wall Street, reiterou seu apoio à Lei Patriota e disse que não hesitaria em usar a força militar se necessário, às vezes criticando indiretamente a Casa Branca de Obama –e por extensão Biden– por não serem capazes de enfrentar o presidente russo, Vladimir Putin, e por fazerem muito pouco em relação à guerra na Síria.
“Acho que Biden provavelmente tem menos espaço (para concorrer)”, afirmou Brad Bannon, estrategista democrata de Washington.
“As pessoas tinham dúvidas sobre quão bem Hillary poderia se sair. Acho que ela teve um desempenho muito bom”.