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Hezbollah lança grande ataque contra Israel, que declara emergência e bombardeia o Líbano

Benjamin Netanyahu prometeu fazer 'tudo o que for necessário' para garantir a segurança dos habitantes do norte de Israel

Drone do Hezbollah interceptado pelas forças aéreas israelenses sobre o norte de Israel em 25 de agosto de 2024 (Jalaa Marey/AFP)

Drone do Hezbollah interceptado pelas forças aéreas israelenses sobre o norte de Israel em 25 de agosto de 2024 (Jalaa Marey/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 25 de agosto de 2024 às 08h21.

Última atualização em 25 de agosto de 2024 às 08h36.

O Hezbollah anunciou neste domingo, 25, que realizou uma operação militar em grande escala com drones e foguetes contra alvos militares em Israel em retaliação ao assassinato de um dos seus líderes. O governo israelense declarou situação de emergência por 48 horas e ordenou bombardeios no sul do Líbano para limitar a ação do grupo.

Imediatamente a seguir, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu realizou uma reunião do seu gabinete de segurança, no final da qual prometeu fazer “tudo o que for necessário” para garantir a segurança dos habitantes do norte de Israel.

Ataque em "grande escala"

A partir de Beirute, o Hezbollah afirmou num comunicado ter lançado “um ataque aéreo com um grande número de drones” contra o território de Israel. Ele afirmou também ter lançado "mais de 320" foguetes Katiusha contra 11 bases militares em Israel e nas Colinas de Golã sírias ocupadas por Israel.

Mais tarde, o grupo garantiu que sua operação estava “acabada” por enquanto e que havia sido um “sucesso”. O ataque teve como alvo "quartéis e posições israelenses que buscam facilitar a passagem de drones de ataque" para o território israelense "em profundidade", disse o movimento, que é politicamente muito influente no Líbano.

Os ataques foram uma resposta ao assassinato de um de seus principais comandantes em Beirute no mês passado.

Na ocasião, Fuad Shukr, comandante que orquestrou um ataque às Colinas do Golã que matou 12 pessoas em julho, morreu horas antes de outro bombardeio matar o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.

 “Ameaças contra cidadãos israelitas”

O exército israelense afirmou ter realizado ataques preventivos no Líbano, nos quais “uma centena” de seus aviões de combate destruíram “milhares de plataformas lançadoras de foguetes” pertencentes ao movimento libanês.

“A maioria destes lançadores foram direcionados para o norte de Israel e alguns para o centro de Israel”, acrescentou.

A operação foi lançada para “eliminar ameaças contra cidadãos israelitas”, disse o exército, que já tinha detectado ao início da manhã “preparativos do Hezbollah para realizar grandes ataques em território israelita”.

Os militares israelenses alegaram na rede social X que o Hezbollah havia disparado “mais de 150 projéteis do Líbano em direção a Israel”. Mas ele não informou se alguma posição militar israelense foi atingida.

De acordo com o canal de televisão Al Manar do Hezbollah, os ataques israelenses tiveram como alvo as florestas Kunin Rashf, Al Tayri, Beit Yahun, Al Jardali, Zawtar, Iqlim Al Tufa e Al Rayhan no sul do Líbano.

As autoridades libanesas relataram três mortos nos bombardeios israelenses. Em Tel Aviv, o Aeroporto Ben Gurion anunciou o atraso ou desvio de voos após o início do ataque do Hezbollah, mas estes foram retomados pouco depois.

“O direito de Israel de se defender”

Sob a orientação do presidente Joe Biden, “altos funcionários dos EUA têm se comunicado continuamente com seus homólogos israelenses”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, em um comunicado.

“Continuaremos a apoiar o direito de Israel de se defender e de trabalhar pela estabilidade regional”, acrescentou.

O fogo cruzado entre Israel e o Hezbollah intensificou-se desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas.

O conflito começou em 7 de outubro, quando combatentes do movimento islâmico palestino atacaram o sul de Israel e mataram 1.199 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais.

Também fizeram 251 reféns, dos quais 105 permanecem em Gaza, incluindo 34 que os militares israelitas declararam mortos.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta ofensiva de retaliação que já deixou pelo menos 40.334 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, que não detalha quantos são civis e quantos são combatentes.

Receio de escala militar regional

A comunidade internacional tem vindo a manifestar há semanas o seu receio de uma escalada militar regional entre o Irã e os seus aliados, por um lado, e Israel, por outro, na sequência da guerra de Gaza, em que, após dez meses, ainda não foi alcançado um cessar-fogo apesar de várias rondas de negociações.

O presidente dos EUA, Joe Biden, acompanha os acontecimentos “de perto” e um porta-voz do Pentágono declarou que os Estados Unidos estão “dispostos a apoiar” a defesa de Israel, seu aliado.

O Hezbollah, organização política e paramilitar libanesa baseada no fundamentalismo xiita e financiado pelo Irã, inimigo de Israel, ameaçou retaliar após a morte, em 30 de julho, de um dos seus líderes militares, Fuad Shukr, num ataque de Israel.

O Hezbollah, o Irã e o movimento islâmico palestiniano Hamas, que trava uma guerra contra Israel em Gaza há mais de dez meses, também ameaçaram responder ao assassinato do antigo líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, em 31 de julho, atribuído a Israel.

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