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Hezbollah caminha para vitória em eleições no Líbano

O xiita Hezbollah aparece em primeiro lugar nas pesquisas das eleições no Líbano e em segundo lugar está o primeiro-ministro sunita, Saad Hariri

Hezbollah: menos da metade dos eleitores votaram nas eleições do Líbano (Mohamed Azakir/Reuters)
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AFP

Publicado em 7 de maio de 2018 às 09h39.

O movimento xiita Hezbollah segue à frente nas eleições legislativas no Líbano , as primeiras em quase uma década, enquanto o primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, e seu partido surgem como os perdedores - apontam as primeiras estimativas dos movimentos políticos.

Realizadas no domingo, as eleições foram marcadas pela baixa participação, que chegou a 49,2%, contra os 54% de 2009, e pela emergência de candidatos da sociedade civil que desafiaram a oligarquia política tradicional e que podem ter conseguido algumas cadeiras.

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A política sectária de distribuição do poder no Líbano implica que nenhuma aliança do Parlamento de 128 cadeiras gozará de uma maioria estável. Muito popular em seus bastiões, o Hezbollah parecia, porém, consolidar sua posição em favor das alianças que poderia selar, ou renovar.

Horas depois de iniciada a apuração, as estimativas do partido xiita indicam que o movimento se impôs em quase todas as circunscrições, nas quais tinha candidatos.

Os resultados oficiais devem ser anunciados ao longo do dia, mas essas primeiras tendências deixam transparecer que o Hezbollah deve, junto com seus aliados, poder compor mais facilmente uma maioria sobre temas-chave. Entre eles, o das armas, das quais nunca se desfez desde a guerra civil (1975-1990).

Em um contexto de fortes tensões regionais pelo papel do Irã, principal base de sustentação do movimento xiita, "o Hezbollah aparece em boa situação para ter maior influência no processo decisório" no Líbano, disse à AFP o cientista político Karim el-Mufti.

Hariri perdedor

O primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, principal figura do grupo rival, e seu partido Corrente do Futuro, estão entre os perdedores dessas legislativas.

Apoiada pela Arábia Saudita, a sigla "perderia algumas cadeiras", afirmou El Mufti, acrescentando que sua recondução ao cargo de chefe de governo "não está ameaçada".

Esse revés acontece seis meses depois de sua rocambolesca renúncia de Riad. Inconformada com os compromissos do premiê com o Hezbollah iraniano, a Arábia Saudita deixou, finalmente, o filho do ex-premiê assassinado Rafic Hariri voltar para o Líbano.

Em Beirute, o novo equilíbrio de forças no Parlamento deixaria o Partido Cristão, do presidente Michel Aoun, com o papel de árbitro.

"O maior ator será o grupo do presidente Aoun, que ficará entre os blocos não alinhados, e o Hezbollah se beneficiará, com isso, da ausência de uma ampla coalizão" opositora, explicou o cientista político Imad Salamey.

Criado nos anos 1980, no fragor da revolução islâmica iraniana para lutar contra Israel, o Hezbollah combate atualmente na Síria ao lado do governo de Bashar al-Assad.

As últimas legislativas no Líbano foram em 2009. Depois disso, o Parlamento prorrogou três vezes seu mandato, alegando riscos de segurança vinculados à guerra na Síria.

Esperava-se uma maior participação por serem as primeiras eleições legislativas em nove anos e também por serem as primeiras eleições com um novo sistema eleitoral proporcional aprovado em 2017.

No domingo, as cédulas usadas parecem ter confundido alguns eleitores. Alguns também disseram terem se decepcionado com a enorme rede de alianças eleitorais, que faz alguns partidos trabalharem juntos em alguns distritos e competirem em outros.

Apesar da baixa participação, levando-se em conta que esse pleito recebeu cerca de 800.000 novos eleitores, a nova lei permite que pequenos partidos apoiados pela sociedade civil possam entrar no Parlamento.

Duas mulheres - a jornalista de televisão Paula Yacoubian e a escritora Joumana Haddad - estão posicionadas para obter uma cadeira no Parlamento. Em suas candidaturas, as duas defenderam que se desafie as dinastias políticas, as quais ambas consideram corruptas.

 

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