Para abastecer dois mil leitos com até cinco refeições diárias, o Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), gasta em média 13 litros de óleo vegetal em sua cozinha. Para evitar o descarte incorreto desse líquido nocivo ao meio ambiente, a unidade resolveu tomar uma atitude pioneira na rede pública de saúde. Construiu uma casa de madeira, com 1,60 metro de altura e um metro de largura, para armazenar a substância gordurosa.

Localizado no Prédio dos Ambulatórios, por onde transitam dez mil pessoas todos os dias, o posto de abastecimento de óleo pode ser usado não só por profissionais da saúde e pacientes, mas também por moradores da comunidade local. "O objetivo é conscientizar toda a sociedade a fazer o descarte correto do óleo para preservar o meio ambiente", explica o diretor executivo do ICHC, Carlos Suslik. "Práticas simples como a nossa podem tornar o nosso planeta mais sustentável", completa.

A substância descartada é acondicionada em garrafas de plástico de dois litros, para depois ser depositada na casa de madeira, cuja capacidade de armazenamento é de mil litros de óleo. Em parceria com a Cooper Glicério, Cooperativa de Catadores, o ICHC encaminha o volume de resíduo a empresas capacitadas para transformar o líquido vegetal em biodiesel. "Além de tudo, o nosso projeto promove a inclusão social de famílias que vivem da coleta seletiva do lixo", diz Suslik.

Desde 2007, o ICHC tem parceria com a ONG Ação Triângulo para o descarte correto do óleo utilizado na cozinha do hospital. Em dois anos e meio, foram doados 9,7 mil litros da substância. Esse volume foi destinado para a produção de sabão em pedra e sabonetes ecológicos, vendidos posteriormente à comunidade por preços mais acessíveis.