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Haiti recorda vítimas e tenta se reconstruir após terremoto

Haitianos prestaram homenagem às vítimas do terremoto de 2010 que atingiu o país mais pobre do continente americano, também afundado em grave crise política

Haitiano de 22 anos, Maxi, é visto próximo a sua casa em Canaã, nos arredores de Porto Príncipe (Hector Retamal/AFP)
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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 15h00.

Porto Príncipe - Os haitianos prestaram homenagem nesta segunda-feira às vítimas do devastador terremoto de 2010 que atingiu o país mais pobre do continente americano, também afundado em uma grave crise política .

Cinco anos após a catástrofe, que deixou 300.000 mortos e destruiu a capital Porto Príncipe, o governo haitiano decretou 12 de janeiro como o "dia de reflexão e lembrança", e a bandeira nacional foi colocada a meio mastro em sinal de luto.

Desde domingo, os haitianos se dirigiam em massa às igrejas e templos. "Devemos lembrar as vítimas e aprender com este desastre", apelou um pastor em uma igreja abarrotada de fiéis.

"Neste 12 de janeiro ficarei em casa, vou rezar em memória dos falecidos", disse Mirlie St-Preux, de 24 anos, que ainda lembra como se fosse ontem do terrível terremoto que a surpreendeu nas ruas do Haiti. "Após o terremoto, não podia acreditar que existiam tantas vítimas e destruição", lembra.

"Nada mudou", lamenta a estudante de diplomacia. "A reconstrução se limita a alguns edifícios públicos. Precisamos de mais ajuda", acrescenta.

"Nossa vida não mudou. A classe média empobreceu. As famílias estão traumatizadas e desorganizadas. Apareceram novas favelas", estima Jean Verdy, um ativista político.

Uma opinião que não é compartilhada por Mary Barton-Dock, enviada especial do Banco Mundial ao Haiti. "Os progressos são visíveis (...) Apesar da atual crise política, o Haiti conseguiu reduzir a extrema pobreza de 31% a 24% entre 2000 e 2012", afirma esta funcionária.

Desde o fatal terremoto, que deixou 1,5 milhão de pessoas desabrigadas, 79.397 deslocados seguem vivendo em 105 campos no Haiti, mas o número de famílias deslocadas diminuiu 94% e a quantidade de acampamentos 93%, segundo um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"Precisamos de tudo"

Em Canaan, um bairro construído no extremo norte da cidade após o terremoto, cerca de 300.000 pessoas vivem em condições difíceis, frequentemente sem água corrente ou eletricidade.

"Vivemos em um grande acampamento, não em um povoado, já que precisamos de tudo", explica Jean Vincent, de 76 anos, que vive em uma barraca de plástico.

Apesar dos serviços fornecidos pelas ONGs - cada vez menos visíveis -, os moradores dos acampamentos lamentam a ausência do Estado haitiano.

No dia 12 de janeiro de 2010, outra estudante, Fabiola, viu as casas desabarem diante dos seus olhos. "Hoje, se multiplicam as construções sem supervisão do Estado. Se ocorrer uma nova catástrofe, pode gerar muito mais vítimas", teme a jovem.

"Há resultados tangíveis, mas são necessários mais esforços para reduzir a pobreza e promover um crescimento inclusivo e sustentável. O Haiti continua sendo o país com maior desigualdade de renda na América Latina e no Caribe. A frágil governança continua impedindo que se avance na prestação de serviços essenciais como a eletricidade", admite a representante do Banco Mundial.

Além disso, a grave crise política atravessada pelo país complica os esforços de reconstrução.

No entanto, no domingo, a apenas algumas horas do início das celebrações, o presidente haitiano, Michel Martelly, e vinte líderes políticos assinaram um acordo que prevê a organização de eleições em 2015, constatou a AFP.

A embaixada dos Estados Unidos no Haiti havia convocado no domingo os atores políticos do país a encontrar uma saída para a crise política até terça-feira.

"À medida que a ajuda internacional começa a diminuir, depois de ter sido excepcionalmente alta em resposta ao desastre, os indicadores sociais podem se reverter se os esforços não se mantiverem e se o crescimento não aumentar", estima o Banco Mundial.

São Paulo - Dor, pânico e destruição marcaram o fim de tarde do Japão nesta sexta-feira (madrugada no Brasil). O país foi atingido pelo maior terremoto de sua história, com magnitude de 8,9 graus na escala Ritcher, segundo o Centro de Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS). Ao tremor de terra, seguiu-se um tsunami formado no Pacífico com ondas de 10 metros de altura que varreram a costa nordeste. Navios e carros foram arrastados, casas e plantações, inundadas, e uma usina nuclear ficou em chamas. O saldo de mortos já passa dos 1,5 mil, e há centenas de desaparecidos. Autoridades de mais de 20 países e várias ilhas da região estão em estado de alerta.  Na última década, outros países também sentiram a fúria que vem das profundezas da Terra. Das ondas gigantes que atingiram as ilhas do Pacífico em 2004 aos tremores que devastaram o Haiti e o Chie, relembre seguir os terremotos que abalaram o mundo nos primeiros dez anos do século 21. *Atualizada em 14/03 às 9h10
  • 2. Outubro de 2010, Indonésia

    2 /10(Getty Images)

  • Veja também

    São Paulo - Um tsunami provocado por um terremoto de 7,7 graus de magnitude atingiu as Ilhas de Mentawai, na Indonésia, próximas à costa de Sumatra, em outubro de 2010. Poucas horas depois, outra tragédia. O vulcão mais ativo do país, o Monte Merapi, entrou em forte atividade. Cinzas e chamas cobriram ilhas inteiras. Juntas, a erupção vulcânica e a tsunami mataram mais de 500 pessoas.
  • 3. Fevereiro de 2010, Chile

    3 /10(Getty Images)

  • São Paulo - O tremor com magnitude de 8.8 graus que sacudiu o Chile na madrugada do dia 27 de fevereiro atingiu 80% do país e espalhou destruição. Pelo menos 1,5 milhão de residências foram danificadas, pontes e estradas foram destruídas, abalando a infraestrutura. Estima-se que os prejuízos econômico alcamçaram os 30 bilhões de dólares. O país contabilizou 525 mortos.
  • 4. Janeiro de 2010, Haiti

    4 /10(Getty Images)

    São Paulo - No dia 12 de janeiro de 2010, um forte terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o país, matando 250 mil pessoas e deixando cerca de 1,5 milhão desabrigadas. O epicentro foi a poucos quilômetros da capital, Porto Príncipe, onde inúmeros edifícios foram destruídos, incluindo o palácio presidencial, sede do governo. Cadáveres foram enterrados em valas comuns ou pelas próprias famílias.
  • 5. Setembro de 2009, ilhas do Pacífico Sul

    5 /10(Getty Images)

    São Paulo - Um terremoto de 8,3 graus na escala Richter atingiu o arquipélago de Samoa, no Pacífico Sul, e provocou tsunamis de até 12 metros de altura. O epicentro foi perto da zona de subducção Kermadec, Tonga, no Anel de Fogo do Pacífico, onde as placas continentais se encontram e atividades vulcânicas e sísmicas são comuns. Para escapar da catástrofe, boa parte da população se refugiou em montanhas. Pelo menos 195 pessoas morreram.
  • 6. Maio de 2006, Java

    6 /10(Getty Images)

    São Paulo - Um terremoto de 6,2 graus na escala Richter e com duração de 57 segundos atingiu a ilha de Java , a mais povoada da Indonésia no dia 27 de maio de 2006.  A cidade de Yogyakarta , com cerca de 500 mil habitantes foi a mais atingida e teve suas redes elétricas e telefônicas destruídas. Ao todo, foram contabilizados 6234 mortos, 20 mil feridos e 340 mil desabrigados.
  • 7. Setembro de 2007, Padang

    7 /10(Getty Images)

    São Paulo - Um terremoto de magnitude 8,4 com epicentro próximo de Sumatra deixou em entulhos a cidade costeira de Padang, na madrugada de 30 de setembro de 2007. Ao menos 25 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas. O terremoto destruiu mais de 60% da estrutura da cidade.
  • 8. Abril de 2007, ilhas de Solomon

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    São Paulo - Às sete da manhã do dia 2, as ilhas de Solomon foram sacudidas por um tremor de terra de 8,1 graus de magnitude. Em minutos, ondas formaram verdadeiros muros d'água de até 10 metros de altura, que se precipitaram contra as ilhas da região. Pelo menos 50 pessoas morreram e outras 6 mil ficaram desabrigadas. A força do terremoto chegou a elevar permanentemente a ilha de Ganongga em dois metros.
  • 9. Março de 2005, Sumatra

    9 /10(Getty Images)

    São Paulo - Na noite do dia 28, um forte terremoto de 8,7 graus na escala Richter atingiu a costa norte de Sumatra, matando 1,3 mil. Dezenas de milhares de pessoas entraram em pânico e saíram às ruas para escapar de possíveis desabamentos; a agitação durou quase três minutos. O epicentro localizou-se a cerca de 33 quilômetros abaixo do leito marinho.
  • 10. Dezembro de 2004, Oceano Índico

    10 /10(Getty Images)

    São Paulo - O terremoto de 9,0 graus na escala Richter que atingiu as ilhas do oceano índico no dia 24 de dezembro de 2004 entrou para a história como um dos mais violentos. Ao tremor de terra, seguiu-se um tsunami de cerca de dez metros de altura que devastou as zonas costeiras. O saldo de mortos no desastre chegou a 230 mil. Estima-se que o sismo tenha diminuído o comprimento dos dias na Terra em 6,8 microssegundos.
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