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Gülen denuncia autoritarismo de Erdogan após ordem de prisão

"Condenei em várias ocasiões a tentativa de golpe de Estado na Turquia e neguei qualquer conhecimento ou envolvimento no caso", reiterou


	Fethullah Gülen: a ordem de prisão acusa o ex-imã "de ter ordenado a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho"
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Fethullah Gülen: a ordem de prisão acusa o ex-imã "de ter ordenado a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho" (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2016 às 08h51.

O pregador exilado nos Estados Unidos Fethullah Gülen, alvo de uma ordem de prisão da Turquia, que o acusa de ser o cérebro do golpe de Estado frustrado, acusou a justiça turca de estar às ordens de um poder cada vez mais autoritário.

A ordem de prisão, emitida na quinta-feira por um tribunal de Istambul, acusa o ex-imã, exilado desde 1999 na Pensilvânia (leste), "de ter ordenado a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho", segundo a agência pró-governamental Anatolia.

Este procedimento abre caminho para uma demanda formal de extradição a Washington do inimigo jurado do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Está estabelecido que o sistema judicial turco não é independente. Assim, esta ordem de prisão é outro exemplo da tendência do presidente Erdogan para o autoritarismo, afastando-se da democracia", declarou Gülen em um comunicado.

"Condenei em várias ocasiões a tentativa de golpe de Estado na Turquia e neguei qualquer conhecimento ou envolvimento no caso", reiterou.

O chefe de Estado turco anunciou na quinta-feira a viagem à Turquia do secretário americano de Estado, John Kerry, no fim do mês, na que será a primeira visita de um diplomata ocidental de alto escalão depois da tentativa de golpe.

"Penso que seu secretário de Estado virá no dia 21" de agosto, declarou Erdogan em uma entrevista à televisão pública turca TRT.

Mas até o momento Washington não confirmou a visita.

Este caso pode tensionar no longo prazo as relações entre Turquia e Estados Unidos, que pediram a Ancara provas do envolvimento do ex-imã.

Os máximos responsáveis da Turquia exigiram em muitas ocasiões aos Estados Unidos a extradição de Gülen. A Turquia indicou que já forneceu duas vezes documentos sobre seu papel no levante.

Washington repetiu que este procedimento jurídico leva tempo. O ministério da Justiça "sempre tenta determinar se os documentos fornecidos constituem um pedido formal de extradição", explicou o porta-voz do departamento de Estado americano, Mark Toner.

"A ponta do iceberg"

Em duas semanas, uma delegação liderada pelos ministros turcos das Relações Exteriores e da Justiça também deve viajar aos Estados Unidos para explicar o suposto envolvimento de Gülen na tentativa de golpe, acrescentou Erdogan durante a entrevista.

A Turquia já havia emitido uma ordem de prisão contra Gülen em dezembro de 2014 por ter "montado e dirigido uma organização terrorista armada".

Como em todos os dias desde o levante, o presidente turco denunciou com veemência o "vírus" dos simpatizantes de Gülen, "que se espalha por toda parte", e a Turquia "não tem escolha, senão limpar".

"Cada escola, cada casa (...) e cada companhia desta estrutura (a rede de colaboradores de Gülen) é um ninho de terroristas", exclamou o chefe de Estado. "Estas pessoas são assassinas, hipócritas (...) ladras".

"Os detidos são apenas a ponta do iceberg", ressaltou, "os demais seguem agindo. Não há dúvida de que o mundo dos negócios é um pilar da organização", completou.

A perseguição implacável de simpatizantes, reais ou supostos, de Gülen na Turquia afeta todos os setores da sociedade, sobretudo as forças armadas - metade dos generais foram afastados -, educação, justiça e também meios de comunicação, com 131 deles fechados.

Segundo os dados fornecidos pelo ministro do Interior, Efkan Ala, cerca de 26.000 pessoas foram detidas e 13.419 estão em prisão preventiva. No total foram registradas mais de 50.000 demissões.

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