Guatemala decide se continua ou não a busca dos 200 desaparecidos
As buscas pelos 197 desaparecidos devem acabar após 72 horas, mas por questões de segurança elas foram interrompidas nesse período
AFP
Publicado em 8 de junho de 2018 às 15h37.
As autoridades da Guatemala enfrentavam nesta sexta-feira um dilema a respeito da continuação ou não dos trabalhos de busca dos cerca de 200 desparecidos na erupção de domingo do Vulcão de Fogo, que causou 109 mortes.
Os protocolos internacionais estabelecem que depois de 72 horas da tragédia se deve suspender as operações de busca por não haver mais possibilidades de encontrar sobreviventes.
Cinco dias se passaram desde a violenta erupção sepultou sob toneladas de cinza e lava quente comunidade de San Miguel Los Lotes, no município de Escuintla (sul), mas as autoridades não descartaram ainda a podsibilidade de continuar buscando vítimas.
No entanto, na prática, as tarefas de resgate estão suspensas desde a tarde de quarta por causa do terreno instável em função das fortes chuvas e porque ainda existe muito material quente na área devastada.
David de León, porta-voz da Coordenação para a Redução de Desastres (Conred), afirmou que as autoridades realizam avaliações do terreno para determinar se podem ou não entrar na chamada "zona 0", a área de maior impacto.
O vulcão, com 3.763 metros de altura e situado 35 km a sudeste da capital, registrou no domingo sua erupção mais forte nas últimas quatro décadas que deixou desde então 109 mortos e 197 desaparecidos, segundo dados da Conred.
A tragédia ainda deixou 58 feridos e 12.407 pessoas foram evacuadas, sendo que 3.710 permanecem em abrigos, segundo o mais recente balanço das autoridades.
O trabalho de resgate foi suspenso devido à ameaça potencial do desprendimento a qualquer momento de sedimentos das ladeiras, podendo ocasionar outra tragédia, já que o vulcão se mantém ativo lançando colunas de cinzas.
Dessa forma, as equipes não puderam entrar na área de impacto, mas o maquinário pesado deve começar a retirar os escombros e limpar a "zona 0".
Ante a suspensão das operações de busca e resgate, alguns familiares das vítimas se arriscaram a entrar por conta próprio no local da tragédia, apesar das restrições da polícia.
Os agentes montaram um centro de controle na estrada para impedir o acesso das pessoas, no entanto, os familiares conseguiram se evadir da fiscalização.
"Já não vamos recuperar os corpos completos, mas queremos encontrar nem que seja pedaços", comentou, resignado, Luis Vásquez, ao aceitar que a casa de sua família fosse demolida para buscar os restos de sete parentes vítimas da erupção.
A tragédia agora vai passar para o âmbito legal, pois a Promotoria da Guatemala anunciou que investigará se houve negligência na resposta à erupção, já que muitas vítimas poderiam ter sido evacuadas a tempo.
Os olhos estão voltados para o chefe da Conred, Sergio Cabañas, e o diretor do Instituto de Vulcanologia, Eddy Sánchez, que trocaram acusações durante uma declaração ante o Congresso.
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