Grupo separatista basco ETA pede desculpas a vítimas antes de dissolução
Desde 1958, o grupo acabou com a vida de 856 pessoas e realizou 79 sequestros
EFE
Publicado em 20 de abril de 2018 às 08h27.
Última atualização em 20 de abril de 2018 às 08h29.
San Sebastián - A organização terrorista ETA reconheceu nesta sexta-feira em comunicado "o dano causado", admitindo sua "responsabilidade direta" no "sofrimento excessivo" que a sociedade basca sofreu, e afirmou que "sente realmente" pelas vítimas, expressando seu "respeito".
O grupo terrorista tornou público um comunicado através dos jornais bascos "Gara" e "Berria", no qual expressou seu arrependimento pela dor provocada a todos os afetados pelas suas ações e pediu "perdão" às vítimas que não estavam relacionadas "diretamente" com o que eles classificavam de "conflito".
"Somos conscientes que neste longo período de luta armada provocamos muita dor, incluindo muitos prejuízos que não têm solução. Queremos mostrar respeito aos mortos, feridos e vítimas causadas pelas ações da ETA, na medida que foram atingidos pelo conflito. Realmente nós sentimos muito", indicou a ETA.
A organização terrorista manifestou que "como resultado de erros ou decisões equivocadas" também houveram "vítimas" que não tinham uma participação direta no conflito, tanto em Euskal Herria (País Basco) como fora dele".
"Sabemos que, forçados pelas necessidades de todo tipo de luta armada, a nossa atuação prejudicou cidadãos sem responsabilidade alguma. Também causamos danos sérios que não têm como voltar atrás", acrescentaram.
O ETA afirmou que nestas décadas a sociedade basca passou por um "sofrimento excessivo", com "mortos, feridos, torturados, sequestrados ou pessoas obrigadas a ir para o exterior", e reconhece que teve uma "responsabilidade direta" e que "nada disso deveria ter ocorrido, como se prolongar por tanto tempo".
A organização terrorista afirmou que "o sofrimento reinou antes do ETA nascer e continua depois que o ETA abandonou a luta armada".
Além disso, o grupo diz "entender" que muitas pessoas considerem que sua atuação foi "inaceitável e injusta", uma opinião que "respeita" pois "ninguém pode ser forçado a dizer o que não pensa ou sente".
O grupo acrescentou a este comunicado uma "nota explicativa" na qual inscreve esta declaração em seu debate interno para decidir sua dissolução, um contexto em que seus militantes "consideraram necessário mostrar empatia a respeito do sofrimento ocorrido".
O ETA surgiu entre os anos 1958 e 1959, durante a ditadura de Francisco Franco, como organização socialista revolucionária de libertação nacional, embora ao longo do tempo prevalecesse o componente nacionalista e independentista e o uso sistemático da violência.
Desde então acabou com a vida de 856 pessoas e realizou 79 sequestros.