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Groelândia bateu recorde de degelo das calotas polares em 2019

Esta perda é pelo menos 15% maior do que o último recorde registrado em 2012 e confirma uma tendência a longo prazo

Degelo na Groelândia: derretimento equivale ao conteúdo de seis piscinas olímpicas por segundo (AFP/AFP)

Degelo na Groelândia: derretimento equivale ao conteúdo de seis piscinas olímpicas por segundo (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 11h25.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 11h27.

As calotas polares da Groelândia perderam 532 bilhões de toneladas de gelo em 2019, um novo recorde para este gigantesco território ártico, o que ameaça acelerar a elevação do nível dos oceanos e o futuro de milhões de pessoas, segundo um novo estudo.

Este degelo, equivalente ao conteúdo de seis piscinas olímpicas por segundo, representou a principal fonte de elevação do nível do mar em 2019 - 1,4 milímetros, 40% do total -, de acordo com as conclusões dos pesquisadores, publicadas na quinta-feira  na revista "Communications Earth & Environment".

Esta perda é pelo menos 15% maior do que o último recorde registrado em 2012 e confirma uma tendência a longo prazo, alertam os autores do estudo.

Além de 2019, "os outros quatro anos recorde foram registrados na última década", explica à AFP o principal autor do estudo, Ingo Sasgen, glaciologista do centro Helmholtze de Pesquisa Polar e Marinha (Alemanha).

Na semana passada, outro estudo publicado na mesma revista já havia alertado sobre o degelo irremediável das calotas da Groenlândia, que continuaria "mesmo se a mudança climática fosse contida agora", já que as nevadas não compensam mais as perdas.

Os relatórios alarmantes sobre esta ilha de dois milhões de km2 (quase 4 vezes a superfície da França), cercada por 75% do Oceano Ártico e coberta em 85% de gelo, se multiplicam há anos.

A região se aquece duas vezes mais rápido do que o restante do planeta. Nos anos 1980 e 1990, as calotas polares perdiam por volta de 450 gigatoneladas (450 bilhões de toneladas) de gelo por ano, mas eram substituídas pelas nevadas.

A partir dos anos 2000, o degelo acelerou, aumentando até 500 gigatoneladas anuais que não foram compensadas, segundo os autores do estudo publicado em 13 de agosto.

A menor frequência de nevadas, que também é uma consequência da mudança climática, reduz a cobertura das nuvens e, nos dias mais quentes, isso acelera o degelo.

No entanto, Ingo Sasgen considerou cedo demais para falar de um ponto sem reversão.

"Isso não significa que não seja importante tentar conter o aquecimento. Cada décimo de grau impedirá um pouco o aumento do nível do mar", disse o pesquisador.

O degelo neste território provocou uma alta de 1,1 cm entre 1992 e 2018, calcularam os autores de um estudo publicado em dezembro passado na Nature.

Segundo o grupo de especialistas climáticos da ONU (IPCC), o nível do mar aumentou 15 cm no século XX.

Devido a este fenômeno, combinado com a mudança climática, em 2050 mais de um bilhão de pessoas que vivem em regiões costeiras estarão particularmente expostas a inundações e eventos climáticos extremos.

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