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Greve termina com 2 mortos e quase 200 detidos na Venezuela

A greve é parte da fase "superior da luta cívica", convocada pela oposição após 7,4 milhões de cidadãos rejeitarem a Constituinte de Maduro em referendo

Venezuela: manifestantes bloquearam as ruas e entraram em confronto com as forças da ordem (Andres Martinez Casares/Reuters)

Venezuela: manifestantes bloquearam as ruas e entraram em confronto com as forças da ordem (Andres Martinez Casares/Reuters)

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EFE

Publicado em 20 de julho de 2017 às 21h23.

Caracas - A oposição venezuelana aumentou nesta quinta-feira a pressão contra o presidente Nicolás Maduro com uma greve geral que paralisou zonas inteiras em várias cidades e terminou com dois mortos e pelo menos 173 detenções.

Manifestantes bloquearam as ruas com lixo, galhos de árvore e outros obstáculos e entraram em confronto com as forças da ordem depois que estas tentaram liberar vias públicas em diferentes pontos de Caracas e no interior do país.

Ronney Tejera, de 24 anos, morreu ao ser ferido por "arma de fogo" em uma manifestação na cidade de Los Teques, ao sudoeste de Caracas, em um incidente confirmado pelo Ministério Público (MP) da Venezuela, no qual outras três pessoas ficaram feridas.

Outra morte confirmada é a de Andrés Uzcátegui, de 23 anos, durante uma manifestação cidade de Valencia, no estado do Carabobo, na qual também foram registrados seis feridos, segundo o MP, o que eleva para 98 as mortes durante a onda de protestos no país.

A greve é parte da fase "superior da luta cívica", convocada pela oposição após 7,4 milhões de cidadãos rejeitarem a Assembleia Nacional Constituinte impulsionada por Maduro em uma consulta realizada no último domingo.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que publicou imagens de ruas desertas com os comércios fechados em várias cidades, calculou em 85% a adesão à greve geral.

O sucesso da manifestação foi contestado pela Central Bolivariana Socialista de Trabalhadores (CBST), que afirmou que não houve convocação e os cidadãos trabalharam normalmente.

"Dizemos ao fascismo, ao terrorismo, que aqui não há classe operária que se preste a nenhuma greve com os seus próprios carrascos", disse o presidente da CBST, Wills Rangel, em alusão à maior patronal do país, Fedecámaras, que permitiu que seus funcionários não fossem ao trabalho hoje.

Opositores e grupos pró-direitos humanos como o Fórum Penal Venezuelano (FPV) denunciaram a "repressão" da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) e da polícia contra quem interrompia o tráfego.

A Agência Efe constatou enfrentamentos entre manifestantes e agentes em Caracas, onde a polícia e a GNB tentaram abrir passagem lançando gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os que levantavam barricadas, que responderam com pedras, garrafas e outros objetos.

Está previsto que a Assembleia Constituinte seja votada no próximo dia 30 de julho, o que é encarado pela oposição e vários setores sociais como uma tentativa do governo de "consolidar uma ditadura" na Venezuela.

A sua revogação é a principal exigência dos manifestantes a Maduro.

Alguns deles afirmaram que não abandonarão os atos de desobediência civil nem deixarão de responder com violência às detenções e agressões da GNB para tentar deter este processo.

"Estamos no final, se (...) não conseguirmos acabar com este problema teremos que nos entregar, e isso não pode acontecer", declarou um dos manifestantes.

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