O apelo dos sindicatos afetou também, embora em menor medida, as empresas privadas (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2012 às 20h18.
Bissau- A Administração pública de Guiné-Bissau ficou paralisada nesta segunda-feira por uma greve geral convocada pelos sindicatos que protestam contra o golpe de Estado de 12 de abril por uma junta militar.
Segundo informações obtidas pela Agência Efe, a greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (SNTGB) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT) através de um comunicado conjunto, apoiado pelos trabalhadores da administração pública.
Os sindicatos pediram para os simpatizantes ficarem em casa, e aos hospitais, aeroportos e portos, para manterem um mínimo de serviços até que sejam restabelecidas as instituições democráticas do país.
O apelo dos sindicatos afetou também, embora em menor medida, as empresas privadas, já que alguns empregados decidiram aderir à greve. O SNTGN e o CNT disseram no comunicado que o golpe de Estado é uma ameaça ao funcionamento da administração.
Diante do cenário, a Força Naval portuguesa anunciou o envio de tropas à costa de Guiné-Bissau, despertando temor na população da capital. Com isso, centenas de pessoas decidiram abandonar Bissau com destino à província como forma de fugir de possíveis confrontos armados.
''Vou embora para evitar a situação que já vivemos em 1998'', disse à Agência Efe Fatoumata Cissé, que viajava para Dissorang, a 80 quilômetros ao norte de Bissau, onde pretende permanecer até novo aviso. A jovem estudante lembrou a intervenção de soldados senegaleses após um golpe de estado contra o então presidente, João Bernardo Vieira.
Enquanto isso, uma missão da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) é esperada em Bissau para buscar uma saída à crise.
O golpe de Estado ocorrido no último dia 12 aconteceu enquanto o país - um dos mais pobres do mundo - se prepara para o segundo turno da eleição presidencial, marcado para 29 de abril. Os responsáveis pelo levante asseguraram que atuam contra um suposto ''acordo secreto'' entre Guiné-Bissau e Angola para ajudar na reforma do Exército guineano.
O golpe de Estado foi condenado por Estados Unidos, União Africana, Cedeao, Portugal e Conselho de Segurança da ONU, entre outros.