Mundo

Greve dos correios quase para EUA e acaba em emergência nacional. Relembre

Decisão dos funcionários foi inusitada e deixou líderes sindicais surpresos, já que, historicamente, a classe era vista como complacente aos baixos salários

Funcionários dos correios carregando cartazes manifestam-se do lado de fora da agência pricipal, na 34th Street com a 8th Avenue, Nova York, em 20 de julho de 1978.  (Bettmann / Colaborador/Getty Images)

Funcionários dos correios carregando cartazes manifestam-se do lado de fora da agência pricipal, na 34th Street com a 8th Avenue, Nova York, em 20 de julho de 1978. (Bettmann / Colaborador/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 8 de setembro de 2020 às 19h33.

Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 20h26.

Nos Estados Unidos, greves contra os Correios são consideradas crime passível de punição com demissão ou processo judicial. Mas isso não impediu que quase 200 mil trabalhadores paralisassem suas operações em março de 1970, na maior greve da história contra o governo americano.

A decisão dos funcionários foi inusitada e deixou líderes sindicais surpresos, já que, historicamente, a classe era vista como complacente aos baixos salários que recebia. Os dirigentes sindicais foram contra a decisão de paralisação, mas não conseguiram conter as tensões.

Segundo o New York Times, aumentos para carteiros naquela época eram raros: depois de 21 anos no emprego, um carteiro ganharia apenas 2.266 dólares a mais do que seu salário inicial.

O incômodo começou a ficar maior no início daquele ano, quando o Congresso tentou aumentar seus próprios salários em 41%, mas só ofereceu um aumento de 5,4% aos funcionários dos correios.

Primeiro, as operações postais em Nova York foram fechadas e se espalharam rapidamente para cerca de 30 outras cidades. Em poucos dias, cerca de 152.000 trabalhadores em 671 locais estavam em greve.

O evento durou oito dias, ao longo dos quais o caos começou a se instaurar no país, que convocava cidadãos pelo correio para a guerra do Vietnã.

Com pelo menos 30% dos carteiros paralisados, o então presidente americano Richard Nixon se viu obrigado a decretar emergência nacional e convocou a guarda nacional para entregar as correspondências.

Tropas de reserva da Força Aérea foram convocadas para transportar correspondências durante greve em Nova York, março de 1970.

Tropas de reserva da Força Aérea foram convocadas para transportar correspondências durante greve em Nova York, março de 1970. (John Dominis / Coleção de imagens LIFE/Getty Images)

Foi por causa desse evento que os trabalhadores federais passaram a poder negociar reajustes salariais, segundo leis trabalhistas de 1978. Nixon decidiu dar um reajuste retroativo para os grevistas após os oito dias e não puniu nenhum deles, apesar de as greves continuarem sendo ilegais no país.

 

Funcionários dos correios carregando cartazes manifestam-se do lado de fora da agência pricipal, na 34th Street com a 8th Avenue, Nova York, em 20 de julho de 1978.

Funcionários dos correios carregando cartazes manifestam-se do lado de fora da agência pricipal, na 34th Street com a 8th Avenue, Nova York, em 20 de julho de 1978. (Bettmann / Colaborador/Getty Images)

Acompanhe tudo sobre:CorreiosEstados Unidos (EUA)GrevesNova York

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado