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Grécia enfrenta crise social agravada por dívidas e violência

A violência se espalha em um contexto social degradado por uma grande recessão econômica que afeta o país pelo terceiro ano consecutivo

Policiais jogam gás lacrimogênio em manifestantes que protestavam contra políticas de austeridade e os planos de privatização do governo (Milos Bicanski/Getty Images)

Policiais jogam gás lacrimogênio em manifestantes que protestavam contra políticas de austeridade e os planos de privatização do governo (Milos Bicanski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2011 às 12h14.

Atenas - A Grécia, que busca desesperadamente uma solução para sanar sua enorme dívida, sofre agora para conter a revolta da população, agravada pelo aumento da xenofobia, que tem como pano de fundo uma grave crise social.

Um militante de esquerda de 31 anos segue internado em estado grave num hospital de Atenas, vítima da brutalidade policial durante uma manifestação, na quarta-feira, contra a política de austeridade.

A violência se espalha em um contexto social degradado por uma grande recessão econômica que afeta o país pelo terceiro ano consecutivo.

As drásticas medidas de restrição orçamentário e o aumento dos impostos realizados para mostrar aos países credores que a Grécia é capaz de administrar-se e evitar assim uma reestruturação de sua dívida - que alcançará 152% do PIB do país ao final do ano - não fizeram mais que aumentar a crise no país.

As medidas se traduziram em um rápido aumento do desemprego, que em fevereiro subiu para 15,9% (um ano antes a taxa ficou em 12,1%).

A crise coincide com um aumento da violência causada pela xenofobia nos bairros populares do centro de Atenas, tranformados em verdadeiros guetos como resultado do intenso fluxo migratório registrado pelo país, tranformado em principal porta de entrada dos imigrantes ilegais na União Europeia (UE).

De acordo com estimativas da organização Médicos do Mundo, cerca de 30.000 imigrantes ilegais vivem nestes bairros, convivendo com prostitutas, usuários e traficantes de drogas e sofrendo as agressõs de milicianos de um pequeno grupo neo-nazista Aurora de Ouro.

No entanto, a polícia local está sempre presente e bem equipada no centro da capital grega, palco de protestos quase diários contra o governo.

De acordo com Theodoro Papatheodorou, professor de política criminal e reitor da Universidade do Peloponeso, os números da criminalidade aumentam vertiginosamente desde o início do ano.

"Há um aumento da ira social na Grécia", analisa, acrescentando que teme pela instauração de uma espécide de "guerra entre os pobres" nos bairros menos favorecidos.

Em sua opinião, essa evolução é menos evidente nas manifestações do que "no dia a dia do cotidiano das grandes cidades".

E, de fato, o roubo de uma câmera de vídeo esta semana custou a vida de um homem quando os ladrões - estrangeiros, de acordo com testemunhas - o mataram quando ele entrava no seu carro para levar a esposa à maternidade.

No mesmo bairro e no dia seguinte a este crime, um bengalês de 21 anos foi esfaqueado por dois motoristas. A polícia não descarta a possibilidade de um crime motivado pelo racismo. Segundo a Médicos do Mundo, nos últimos meses foram registradas pelo menos três outras execuções de imigrantes.

Tudo isso não revela um problema de criminalidade, mas "sim um sintoma da combinação de problemas sociais, econômicos e políticos na Grécia", considera Papatheodorou.

Neste contexto, duas manifestações radicais ocorreram na quinta-feira em Atenas. Ua delas, organizada pelos movimentos anarquistas de extrema-esquerda, tinha por objetivo denunciar o "governo assassino" e a violência da polícia local. A outra, de extrema-direita, reclamava a expulsão dos imigrantes e terminou com uma caça aos estrageiros que deixou 15 feridos.

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