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Grécia corta, mas não convence mercados

Para o governo, porém, o sacrifício da população com mais impostos é uma demonstração de que a Grécia não tem nenhuma pretensão de abandonar o euro

Austeridade novamente não convence os mercados e provoca indignação entre a população, que promete reagir (Jamie McDonald/Getty Images)

Austeridade novamente não convence os mercados e provoca indignação entre a população, que promete reagir (Jamie McDonald/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 11h42.

Atenas - Numa odisseia para atender às exigências do FMI e da UE, o governo da Grécia pune a população com mais impostos, cortes dramáticos de salários, demissões e anuncia outro polêmico pacote de austeridade. Novamente não convence os mercados e provoca indignação entre a população, que promete reagir.

Para o governo, porém, o sacrifício da população é uma demonstração de que a Grécia não tem nenhuma pretensão de abandonar o euro, "custe o que custar". Alguns governos europeus e economistas já chegaram a sugerir essa alternativa.

A reportagem acompanhou no Ministério das Finanças da Grécia o anúncio das medidas e constatou não apenas o nervosismo entre técnicos e funcionários, mas o reconhecimento de muitos deles de que o governo já não sabe o que fazer.

"Tudo está sendo improvisado. Ninguém tem ideia realmente do que está fazendo. Cada vez que o governo sofre pressão, recebemos pedidos para trazer uma solução diferente para a crise. Não é por acaso que não funcionam", disse um assessor econômico do governo.

O novo pacote de austeridade foi adotado depois de duas longas reuniões nos últimos dois dias com o FMI e a UE, que exigiram novas reformas. Sem as novas medidas, as entidades não aceitariam liberar a parcela de 8 bilhões que o governo precisa para poder pagar as contas e dívidas até o fim do ano.

As instituições estavam convencidas de que as medidas existentes não seriam suficientes para reduzir o déficit nas contas públicas. Mas Atenas já avisou que, se essa parcela não for liberada, terminará o dinheiro em caixa no final de outubro e o país será forçado a decretar um calote.

Ontem o governo se reuniu por quase sete horas e o drama acabou quando as autoridades anunciaram o que não poderia ter sido pior: cortes de salários, redução de aposentadorias, demissões extras e novos impostos sobre a população.

A medida que mais promete causar problemas é a determinação de que 30 mil funcionários públicos serão temporariamente demitidos. Esse grupo terá seus salários reduzidos em 60% e foram dados 12 meses para encontrar um novo cargo no setor público, enquanto uma comissão será criada para estudar quem de fato terá seu cargo abolido. Quem não encontrar uma saída será simplesmente demitido.


A ideia inicial do FMI era exigir a demissão desses funcionários, o que elevaria os cortes no setor público a 100 mil até 2015. Mas o governo optou por atenuar o corte. Mesmo assim, sindicatos prometem protestar.

A classe mais pobre também pagará um duro preço. Impostos serão cobrados sobre quem ganhe acima de 5 mil por ano. Até hoje, apenas quem ganhava mais de 8 mil pagava impostos.

Os aposentados também vão ficar mais pobres. Qualquer pensão acima de 1,2 mil será reduzida em 20%. Aposentadorias para pessoas com menos de 55 anos sofrerão cortes ainda maiores, de 40%. Se não bastasse, o imposto imobiliário criado há uma semana, prometendo que seria válido por apenas um ano, foi prolongado até 2014.

Ao explicar as medidas, o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, admitiu que os cortes eram "inevitáveis" diante da incapacidade do país de atingir suas metas de redução do déficit publico. "Temos de adotar medidas suplementares por causa da recessão e porque as medidas adotadas até agora não produziram os resultados esperados."

Ontem o risco país da Grécia não cedeu com o anúncio das novas medidas. As bolsas em toda a Europa também voltaram a desabar. Já analistas e sindicatos alertam que a nova rodada de medidas deve aprofundar ainda mais a recessão. Segundo o próprio FMI, a economia grega deve recuar 5,5% em 2011, pelo terceiro ano consecutivo. E somente em 2013 é que a recessão acabaria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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