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Grã-Bretanha e EUA discutem remédios para a crise em Davos

Enquanto Geithner, do Tesouro dos EUA, disse que cortes contra déficit alto não são tão razoáveis, Cameron, premiê britânico, denfendeu planos de austeridade europeus

David Cameron, premiê britânico: déficits públicos são "claramente insustentáveis" (Flickr/Fórum Econômico Mundial)

David Cameron, premiê britânico: déficits públicos são "claramente insustentáveis" (Flickr/Fórum Econômico Mundial)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 13h50.

Davos, Suíça - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que aplicou um severo plano de austeridade orçamentária, e o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, defenderam nesta sexta-feira em Davos remédios praticamente opostos para sanar a crise econômica mundial.

Em um discurso dirigido à nata da elite econômica mundial, Cameron aferrou-se com unhas e dentes à defesa dos planos de austeridade europeus, cuja meta é reduzir os altíssimos déficits públicos dos países do continente.

A primeira prioridade da Europa deve ser a morte "do fantasma das gigantescas dívidas soberanas", explicou.

Ao contrário de Cameron, que acredita ser capaz de estimular o crescimento a partir da austeridade, Geithner argumentou em prol de um antídoto bastante diferente, afirmando que não é "razoável" recorrer a cortes drásticos no orçamento para reduzir o déficit público dos países endividados.

"Algumas pessoas querem ir rápido demais para aplicar cortes pesados nos gastos" dos governos, estimou Geithner.

"É preciso ter certeza de que (esta decisão) não vai afetar a reativação econômica", insistiu o secretário, indicando que assumir o risco de "passar rápido demais para restrições substanciais" pode prejudicar um crescimento nascente.

Os déficits públicos e o endividamento dos países europeus, provocados pelos gigantescos planos de reativação lançados contra a pior crise econômica do pós-guerra, são "claramente insustentáveis" e devem ser combatidos, declarou Cameron.


O premier britânico prometeu nesta sexta-feira que manterá seu plano de ajustes, apesar dos números decepcionantes do crescimento no Reino Unido no quarto trimestre de 2010, quando registrou uma queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Mais tarde, será a vez da chanceler alemã Angela Merkel - cujo país funciona como locomotiva da Europa - apresentar sua visão da recuperação econômica nesta 41ª edição do Fórum Econômico Mundial, organizado em Davos, na Suíça.

O debate em Davos sobre formas de enfrentar os déficits públicos coincide com o momento em que a União Europeia (UE) analisa a possibilidade de emprestar novas somas à Grécia, para que o país possa comprar a própria dívida soberana a um preço mais atrativo que nos mercados, como admitiu nesta sexta-feira a Comissão Europeia.

Concretamente, a medida seria mais um apelo ao fundo de resgate ativado em 2010 para socorrer os países da Eurozona à beira da falência.

Por outro lado, o Brasil e as outras potências envolvidas nas negociações da estagnada Rodada de Doha decidiram reunir-se à margem do Fórum de Davos nesta sexta-feira para tentar reativar o processo de liberalização do comércio mundial.

"Estamos aqui para ver se há uma evolução", disse o ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota, que comanda a delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial na Suíça.

"A intenção é tentar retomar a rodada sobre a base dos progressos já alcançados, mas não tenho certeza de nada", admitiu Patriota, referindo-se aos encontros ministeriais programados ao longo do fórum.

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