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Governo quer mudança na Vale antes de Dilma ir à China

Não está descartada a possibilidade de que o novo executivo da Vale acompanhe a comitiva brasileira à China, diz fonte do governo

Dilma Rousseff: prazo para Zona Franca de Manaus terminaria em 2013 (Antonio Cruz/ABr)

Dilma Rousseff: prazo para Zona Franca de Manaus terminaria em 2013 (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2011 às 23h15.

Brasília - O governo deseja alcançar com demais acionistas controladores na Vale um acordo para a mudança no comando da mineradora antes da viagem da presidente Dilma Rousseff para a China, no dia 9 de abril, disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto que pediu para não ter o nome revelado.

O futuro da administração da Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro, ficou em aberto nesta semana após o jornal O Estado de São Paulo ter publicado que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu a substituição do atual presidente executivo, Roger Agnelli, em reunião com a cúpula do Bradesco, outro importante acionista controlador da companhia.

O Ministério da Fazenda não confirmou nem negou a informação, informando apenas que não comentaria o assunto.

No governo, a saída de Agnelli, que está há dez anos no comando da empresa, é dada como certa. De acordo com a fonte, a avaliação do Planalto no momento é a de que os demais acionistas controladores já não apresentam resistência a uma mudança. A discussão, agora, estaria em torno do nome do eventual sucessor.

Na estrutura da Vale, se os acionistas no bloco de controle decidirem por uma alteração no comando, uma lista com três nomes deve ser apresentada na reunião do conselho de administração. Então, pelo menos 75 por cento dos acionistas controladores precisam concordar em um nome.

O governo, por meio do BNDESPar, não possui esse montante para executar a mudança, mesmo incluída a grande fatia detida pelo Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. Por isso precisa de um acordo com os outros grandes acionistas, Bradesco e a trading Mitsui.

Segundo uma outra fonte do governo, que também falou sob a condição de anonimato, ainda não há definição sobre o nome preferido para o posto.

A presidente Dilma Rousseff viaja à China no dia 9 de abril. Lá, ela participa da reunião dos BRICs (Brasil, Rússia, China e Índia) e fará uma visita oficial ao país. Não está descartada a possibilidade de que o novo executivo da Vale acompanhe a comitiva brasileira, segundo a fonte do Palácio, mas o tempo seria bastante curto para isso.

Possivelmente, a intenção de definir a troca antes da viagem estaria associada ao tempo em que Dilma permanecerá fora do país, apesar de que a questão comercial Brasil-China também é de grande importância, já que o país asiático é o maior importador mundial de minério de ferro e a Vale, sua maior fornecedora.

Diretores

Nesta quinta-feira, circularam comentários de que poderia ocorrer uma demissão coletiva de diretores da Vale no caso de Agnelli ser realmente substituído no comando. Uma fonte na companhia confirmou que existe essa intenção por parte de alguns executivos, mas não soube informar se efetivamente todos eles estariam propensos a acompanhar o movimento.

Os funcionários da companhia também estariam planejando um protesto na sexta-feira contra o que classificam como intromissão de Brasília nos assuntos de uma companhia privada, apesar de o governo federal deter, direta e indiretamente, uma importante participação acionária na empresa.

Os trabalhadores planejam ir ao trabalho na sexta-feira vestindo preto, como forma de protesto.

Em Brasília, a oposição pretende continuar pressionando o governo a prestar esclarecimentos sobre o assunto. A intenção é fazer com que o ministro Guido Mantega compareça a alguma das comissões, tanto na Câmara como no Senado, que desejam ouvi-lo.

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