Governo pede "responsabilidade" a quenianos após eleições
A tensão tomou conta das ruas do país após o candidato da oposição, Raila Odinga, ter acusado a coalizão governista de ter fraudado as eleições de ontem (9)
EFE
Publicado em 9 de agosto de 2017 às 11h03.
Última atualização em 9 de agosto de 2017 às 11h11.
Nairóbi - O governo do Quênia pediu nesta quarta-feira "responsabilidade" aos cidadãos em meio à grande tensão que vive o país após a denúncia de fraude nas eleições presidenciais feita pela oposição antes dos resultados definitivos.
"Por favor, devemos nos abster de qualquer atividade que ponha em perigo a vida dos demais ou a estabilidade do país", afirmou o ministro do Interior, Fred Matiang'i, em entrevista coletiva.
Pouco após o líder e candidato da oposição, Raila Odinga, acusar a coalizão governista de ter hackeado o sistema de recontagem de votos das eleições realizadas ontem, distúrbios começaram a ser registrados em diferentes regiões do país, onde o ambiente de tensão toma conta das ruas.
"Quero garantir aos quenianos que nosso país é seguro", disse o ministro, que advertiu que a lei será aplicada para aqueles que utilizarem as redes sociais para aumentar a agitação social.
"Devemos ser cidadãos responsáveis na nossa interação com as redes sociais", acrescentou.
Após a Comissão Eleitoral divulgar os primeiros resultados parciais, que dão a vitória ao atual presidente, Uhuru Kenyatta, com 54% dos votos, Odinga denunciou uma "fraude de gravidade monumental".
Segundo o opositor, a identidade do diretor de telecomunicações da Comissão Eleitoral, Chris Msando, assassinado há dez dias, foi usada na recontagem dos votos.
O presidente da Comissão Eleitoral, Wafula Chebukati, afirmou que, apesar de confiar no sistema de recontagem e transmissão de votos, as denúncias da oposição serão investigadas.
"Se o sistema foi hackeado, ou não, são só acusações. Faremos as nossas investigações para verificar essas reclamações", afirmou Chebukati em entrevista.
Nas últimas eleições, em 2013, Kenyatta venceu com 50,07% dos votos e evitou um segundo turno por uma diferença de oito mil apoios.
Odinga, que conseguiu 43,3% dos sufrágios, apresentou um recurso contra o resultado eleitoral alegando irregularidades, mas o mesmo foi negado pelo Tribunal Supremo.